Mercadante volta a colocar cargo de líder do PT à disposição

19/08/2009 - 20h57

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Enfraquecido depois que a Executiva Nacional dopartido determinou que os senadores petistas votassem pelo arquivamentodas acusações contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), olíder da bancada, Aloizio Mercadante (SP), mais uma vez colocou o cargo à disposição. “Meu cargo está à disposição da bancada. Só nãoquero aprofundar a crise”, reafirmou. Em entrevista à imprensaconvocada para tentar explicar a crise que atinge a bancada - só hoje (19) o partido perdeu dois senadores Marina Silva (AC) e Flávio Arns (PR) -,Mercadante discordou publicamente da postura da direção nacional dopartido e disse que só permanece à frente da bancada “por solidariedadeaos companheiros”. Na ocasião, sete dos agora 11 membros da bancada noSenado estavam presentes.  “A decisão da Executiva Nacional dopartido impôs uma disciplina partidária que tenho dúvidas profundas sefoi o melhor caminho para a bancada. Seguramente, para o Senado e parabancada não tenha sido”, disse o líder petista.“Não reivindicocontinuar como líder, não pleiteio. Só não sou uma pessoa de deixarminha bancada e meu partido em uma situação tão difícil. Nunca fiz issona história do PT. Tenho 37 anos de militância, 30 anos de PT e sempreatravessei todas as tempestades junto com meu partido e minhamilitância. Estou aqui hoje por solidariedade à bancada para cumprir opapel e não deixar meus companheiros expostos”, argumentou.  Mercadante responsabilizou Sarney pela crise no Senado e também dentro do PT. “Teríamosque aprofundar as investigações e as reformas. Essa sempre foi apostura da bancada. A crise do Senado, a crise da bancada são deresponsabilidade do presidente José Sarney. Ele deveria ter se licenciado como um gesto de grandeza”, argumentou.Emrelação à crítica de seu colega de partido, senador Delcídio Amaral(MS), que o acusou de abandonar os senadores no Conselho de Ética,Mercadante justificou que não poderia conduzir um processo contrário às suas posturas e convicções. “Mantive minha posição em todos osmomentos. Disse que não encaminharia posição contrária às minhasconvicções. Não acho que os senadores [do PT] votaram por decisãoprópria. Fizeram constrangidos”, argumentou.O líder também afirmou que sofreu pressões para substituir os senadores petistasDelcídio e Ideli Salvatti (SC) e evitar o risco de votos contraSarney. “Não tinha condições de substituir e colocar, inclusive,pessoas de fora da bancada. Prefiro enfrentar essa crise de frente,expondo as divergências da nossa bancada, que são profundas”, afirmou.“Hojea senadora Marina Silva deixou o partido e o senador Flávio Arns tambémanunciou seu desligamento. O preço político é muito grande, o quereforça que o melhor caminho era o da bancada. Minha vontade hoje erade sair da liderança, porque sinto que não consegui enfrentar essacrise com as nossas posições. Coloquei isso em todas as reuniões,inclusive para o presidente Lula”, disse Mercadante.