Despesas com segurança pública no país cresceram 13,35% em 2008

19/08/2009 - 18h50

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - As despesas comsegurança pública dos governos federal e estaduais cresceram 13,35%em 2008, quando comparadas ao ano anterior, chegando a R$ 39,52bilhões, de acordo com dados do Anuário do Fórum Brasileiro deSegurança Pública, divulgado hoje (19), em São Paulo. Os númerosindicam que houve crescimento de 64,06% nos gastos nacionais com informação e inteligência. Entretanto, os investimentos do governofederal nessa área caíram 30,40%, passando de R$ 130 milhões, em2007, para R$ 90,92 milhões, em 2008. As estatísticas servirão debase para as discussões durante a 1ª Conferência Nacional deSegurança Pública, que será realizada de 27 a 30 deste mês, em Brasília.Entre os estados quemerecem destaque está Alagoas, que tem 13,65% de suas despesasdestinadas à segurança pública. Em seguida, aparecem Rondônia,com 13%, Minas Gerais, com 12,6%, e Rio de Janeiro com 12%. SãoPaulo teve queda de investimentos na área, passando de 7,9%, em2007, para 7,4%. em 2008. Quando analisada adespesa per capita, Minas Gerais aparece em primeiro lugar. No anopassado, o estado teve gastos de R$ 349,48 por pessoa, uma evoluçãode 62% de suas despesas no setor em comparação a 2007. Em seguida,destaca-se Piauí, com R$ 57,30 e Distrito Federal com R$ 57,32.Em relação ao númerode homicídios registrados para cada 100 mil habitantes, Minas Geraise Mato Grosso do Sul tiveram, em 2008, redução de 20% nosregistros. Em São Paulo, a queda foi de 10,8%. No Rio Grande do Sul,houve aumento de 7,9%, e no Rio de Janeiro, de 3%.Segundo o presidente doFórum Brasileiro de Segurança Pública, Humberto Viana, os dadosindicam que houve redução significativa de investimentos no Piauíe Distrito Federal, mas isso não compromete os índices de violêncianessa duas unidades da Federação. “Podemos até trabalhar com ahipótese inversa, com estados que aumentaram seus investimentos, masnão obtiveram bons resultados. É o bom gasto e o gasto ruim.Certamente, os estados que diminuíram seus gastos terão que voltara atenção para a questão da qualidade e do bom gasto com asegurança pública”.De acordo com Vianna,as políticas públicas indicam o caminho que cada um dos estadosdeve seguir para melhor a segurança pública. O anuário, assinalou,servirá de base para reforçar qual é a melhor política. “Temosexemplos que apontam que o investimento per capita é um caminhoimportante. Mas temos que ressaltar cada vez mais o gasto que estásendo feito. A questão da inteligência e informação define deforma muito clara que política se deve seguir.”O secretário-geral doFórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima,enfatizou que para reduzir a criminalidade e diminuir a violência aqualidade dos gastos em inteligência é fundamental. “Falar eminteligência é falar como se gasta para que possamos aumentar aeficiência do gasto público em segurança e responder a grandeindagação sobre que modelo de segurança o Brasil quer. Sem isso,estaríamos só jogando dinheiro fora”.A cientista social ecoordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, SílviaRamos, destacou que o Brasil é o sexto país do mundo em homicídiose o quinto em assassinatos de jovens de 15 a 24 anos. Para ela, aexistência de um anuário como esse é importante porque a tradiçãode acompanhar dados sobre a segurança pública é muito recente.“Chama a atençãotermos um problema tão grave de homicídios no Brasil e termos tãopouca tradição de colecionar esses números. Esses dados dialogamcom esse contraste, com o fato de que temos indicadores muito ruins econtroles muito frágeis. Cada vez que divulgamos um dado, chamamos aatenção da população, reforçamos a cobrança dos gestores evalorizamos aqueles que estão investindo corretamente.”