CNI defende flexibilização de regras para liberação de recursos na área de inovação

19/08/2009 - 18h23

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os líderesempresariais da indústria brasileira lançaram hoje (19) manifestodefendendo mais investimentos em inovação tecnológica no país, emsistema de parceria entre os setores público e privado. Segundo o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, é preciso, no entanto, flexibilizar mais asregras de liberação de recursos para a área de inovação.Omanifesto, lançado durante o 3º Congresso Brasileiro de Inovação,diz que existem hoje 6 mil empresas que realizam pesquisas e mais 30mil que aplicam os conhecimentos. A meta é duplicar essa quantidadenos próximos quatro anos na tarefa de enfrentar o que o indústriaconsidera um desafio para manter competitividade no mercadointernacional.De acordo com o presidente daCNI, entre os paíseslatino-americanos, o Brasil se destaca no cenário mundial por terconstruído uma indústria de expressiva importância na áreamanufatureira. "E o país mão pode abrir mão desse ativoextraordinário que construiu em um trabalho de gerações egerações.” Armando Monteiro advertiu que aconcorrência sempre fica mais acirrada em períodos de transiçãode crises. Ele se referia à crise financeira internacional, elembrou que tais situações sempre levam à necessidade de maciçosinvestimentos na capacidade de inovar.Para ele, o Brasil deverá gradativamenterecuperar o nível de emprego perdido desde setembro do ano passado,quando a crise financeira internacional se tornou mais aguda, mas nãovê sinais de volta, em curto prazo, do quadro existente antes doinício dos efeitos da crise. “A indústria depende mais dasexportações do que outros setores. Como os mercados externos aindaestão muito retraídos, não recuperamos ainda as exportações”,afirmou.Na opinião do presidente da CNI, o Brasil fez“uma travessia razoavelmente bem-sucedida dessa crise”, mas ofuturo da indústria dependerá da inovação, se o país quiserestar em condições de igualdade com as nações desenvolvidas.Sobre os investimentos em pesquisa edesenvolvimento, Armando Monteiro defendeu maior flexibilização dasregras de liberação de recursos para a área de inovação. “Osmodelos de financiamento precisam ser adequados, porque, muitasvezes, no caso de pequenas empresas, elas não têm como oferecergarantias reais, quando elas não tem”. Por isso, o presidente daCNI defende a criação de um ambiente propício e estimulante.Ele reconhece que as ofertas têm sidodisponibilizadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico eSocial (BNDES), mas ressalta que falta torná-los mais acessíveis àpequenas empresas. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, destacouo crescimento do movimento de aprovação de projetos, cujo estoqueestá em R$ 150 bilhões. Ele estima demanda ainda mais forte nosegundo semestre e espera um reforço com aportes obtidos no mercadode capitais por meio dos chamados IPOs (sigla em inglês da ofertapública inicial de ações). Os desembolsos do BNDES até julho,somaram R$ 122 bilhões nos últimos 12 meses e deverão ficar entreR$ 130 bilhões e R$ 135 bilhões até o fim do ano, bem acima dototal do ano passado, que foi de R$ 92 bilhões.Na previsão de Coutinho, o aumento ocorrerá emfunção da recuperação da economia interna. Ele prevê crescimentodo Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidosno país) entre 3% e 4%, no último trimestre deste ano e umadinâmica ainda mais forte no ano que vem. “Em 2010 teremos umcrescimento surpreendente do PIB, mais próximo de 5%, acima do desteano, em que o mercado ainda está olhando um pouco para o retrovisor,e precisa olhar mais para a frente.”O ministro da Ciência e Tecnologia, SergioRezende, que também participou do encontro, defendeu mais interaçãoentre as instituições acadêmicas e o setor produtivo, paramelhorar a qualidade do conhecimento científico e sua aplicação emprodutos mais adequados à exigência do mercado internacional.