Ex-secretária da Receita não lembra dia nem hora do encontro com ministra Dilma

18/08/2009 - 17h17

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A ex-secretária daReceita Federal Lina Vieira não soube informar a data e nem a horado suposto encontro que ela afirma ter tido com ministra-chefe daCasa Civil, Dilma Roussef. Em um depoimento de mais de trêshoras e meia, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado,Lina confirmou que foi ao encontro de Dilma no Palácio doPlanalto. No entanto, segundo ela, a reunião não foiregistrada em sua agenda de trabalho e nem em sua agenda pessoal. “Sei que foi a tarde,não consegui precisar o dia, a hora e o mês em que ocorreu esseencontro. Na minha agenda oficial esse encontro não constou porquefoi uma reunião reservada”, disse Lina, ao responder aosquestionamentos feitos pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS).Vieira disse que oencontro ocorreu no gabinete da ministra no quarto andar do Paláciodo Planalto. Segundo a ex-secretária, Dilma pediu para agilizar, naReceita Federal, as fiscalizações que envolviam o empresário Fernando Sarney, filho do presidente doSenado, José Sarney (PMDB-AP).A ex-secretária disseainda que não chegou a questionar o motivo pedido da ministra.“Ela [a ministra] foi cirúrgica e disse: 'eu preciso que vocêagilize a fiscalização do filho do Sarney.' Ela não me disse oporquê e eu também não perguntei. Não é da minha índolequestionar as ordens."Lina afirmou aindaque, ao retornar ao prédio da Receita, não comentou com ninguémsobre o encontro. “Não comentei com ninguém da Receita Federal. Aúnica coisa que fiz foi pedir a um funcionário que me trouxesse umrelatório sobre o caso. Quando vi que a agilização já estavasendo tocada pela Receita, coloquei uma pedra em cima e fui tratar deoutros assuntos. Nem dei retorno à ministra, nem fui cobrada.” Para o senador RenatoCasagrande (PSDB-ES), a falta de uma data determinada e a nãoexistência do diálogo soa “estranho” no relato daex-secretária. “Não ter uma data éestranho. Se eu fosse chamado para uma audiência com a ministraDilma, certamente eu saberia a data, mesmo que aproximada. Minhaassessoria também saberia. A não existência do diálogo também éestranho. Ela não perguntou o porquê do pedido, não procurou nemidentificar com a ministra qual era o processo. Busquei muitosesclarecimentos nesse depoimento e não obtive. A única informaçãoque obtive aqui é que ficou claro que não houve nenhuma espécie deingerência da ministra Dilma Rousseff sobre o processo que envolve ofilho do presidente do Senado”, avaliou Casagrande. Diante a afirmativa deLina de que o encontro realmente ocorreu, o senador PedroSimon, que insistiu em tirar detalhes da chegada deLina ao Palácio do Planalto, disse que o mais grave é amentira, ou da ex-secretária, ou da ministra, que afirmou não terparticipado de nenhum encontro com Lina. “O grave é que umadas duas está faltando com a verdade. Para que a mentira? Uma nãoestá dizendo a verdade”, disse Simon.