Estudantes da USP protestam contra situação no Senado

18/08/2009 - 16h52

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Estudantes daFaculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) participaramhoje (18) de manifestação contra a corrupção no Brasil,simultaneamente à abertura da exposição do Museu da Corrupção(Muco), no Pátio das Arcadas, no campus universitário doLargo São Francisco, região central da capital paulista. Duranteo protesto, a presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, TalitaNascimento, leu um manifesto contra a corrupção e a impunidade e,em seguida, foram distribuídas pizzas batizadas com os nomesde parlamentares envolvidos em algum tipo de escândalo.A manifestação e a abertura do museu foramorganizadas em parceria pela Associação Comercial de São Paulo epelo Centro Acadêmico XI de Agosto, e o objetivo é trazer para oplano físico o Muco, que já existe na internet, no sitewww.museudacorrupcao.com.br.Segundo o diretor do jornal Diário doComércio, ligado à Associação Comercial de São Paulo, MoisésRabinovici, o museu é um acervo de informações sobre todos osescândalos da política brasileira. Com isso, espera-se que apopulação não esqueça os escândalos, seus resultados e seusprotagonistas, principalmente na hora do voto. Rabinovici disse que a ideia surgiu com aconstatação de que cada novo escândalo novo derrubava o anterior."Fiquei me perguntando como isso podia acontecer e comecei apensar em um modo de criar uma memória para isso, e daí ao museufoi um passo." A fase de pesquisa durou seis meses, até que osite do museu foi lançado no dia 21 de abril, informou. O museu virtual, explicou, é um prédio no qual ointernauta passeia e entra nas salas que quiser visitar. "Temuma lojinha virtual com produtos engraçados, que não são vendidosde verdade, uma pizzaria e agência de viagens com todas asviagens feitas pelos parlamentares, entre outras coisas.” De acordo com o presidente da AssociaçãoComercial de São Paulo, Alencar Burti, o museu é atemporal e nãoestá fazendo críticas, mas pedindo que a sociedade participe de suahistória. Ele disse que o Muco, tanto o da internet quando odo Largo São Francisco, existem para mobilizar a sociedade. “O mundo inteiro vive com o desenvolvimento docapital, de interesses, da concorrência, então, sempre vai haverdesvios. Mas é importante que a única forma de direito à liberdadeé por meio da participação. Criticar por criticar é fácil. Aintenção da associação é que a sociedade entenda que só ela éque muda o curso da história.”A estudante Talita Nascimento lembrou que o atofaz parte de uma campanha do centro acadêmico, realizada desde o anopassado, contra a memória curta. Talita informou que a ideia de unira manifestação dos estudantes ao Muco partiu do caráter irônicodas ações das duas partes. “Mais a ver com o XI de Agosto,impossível, até porque todas as manifestações do XI sempretiveram o caráter irônico do nosso lema, que é 'Rindo, Mudam-se osCostumes'”, explicou.Até o início da tarde, o manifesto contra osatos secretos e a corrupção no Senado tinha cerca de 2.900assinaturas e pode ser acessado e assinado nowww.petitiononline.com/xisenado.O objetivo é divulgar e encaminhar o texto à Câmara dos Deputadose ao Senado Federal. “O poder público tem que perceber que asociedade civil está vigiando o que está acontecendo. É claro queo ato não faz com que haja mais seriedade na política, não forçaos homens públicos a ter mais respeito com a gestão pública, masserve como um momento de simbologia, para mostrar que a sociedadecivil está vigiando e que isso vai ser cobrado depois”, afirmou aestudante.Escrito pelos estudantes, o manifesto destaca quea reincidência de escândalos faz com que a arte da política, vistacom admiração desde a cultura grega, seja encarada como algo dignode escárnio. “Escândalos como esses, tão recorrentes nocotidiano político brasileiro, nada mais são do que um reflexo deum vício estrutural que se arrasta por toda a formação históricado país." O texto aponta distorções do jogo democrático quefavorecem "o pequeno grupo que se apoderou da máquina pública"e lembra que voltaram à atualidade "genuínas expressões de umpassado coronelista", como nepotismo, apropriação de recursospúblicos e negociação de cargos.