Ciro Gomes conclama educadores a pensar o futuro do país junto com políticos e empresários

18/08/2009 - 21h48

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) abriu hoje (18) uma série de palestras promovidas pela Associação Nacional do Dirigentesde Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) para tratar de temas relativos ao desenvolvimento do país.Em sua palestra, o deputado provocou a plateia de reitores e os representantes deinstitutos e centros federais de educação técnica, reunidos na reitoria da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), ao dizer que o mundo acadêmico tem que se engajar na tarefade pensar o futuro do país, juntamente com os políticos e osempresários:“Estive agora nos Estados Unidos e volteiconvencido de que eles não só superarão a crise econômica comocontinuarão líderes das transformações na economia mundial”, disse odeputado, destacando que lá “os acadêmicos discutem alternativas desolução, o empresariado mantém os olhos atentos ao debate e o governose propõe a viabilizar as propostas”.Para Ciro Gomes, o Brasil está três gerações atrasado na corrida tecnológica mundial e, diante disso, ele mostrou preocupação no espaço que o país ocupa na economia mundial diante do crescimento da China. “A China vai fazer a Terra tremer. Se adotar o padrão deconsumo que aí está, o planeta não suporta, o padrão de consumo éambientalmente insustentável. Imaginem o volume de carros para atendero mercado chinês, movidos a combustível fóssil?”Ciro Gomesdisse, também, que não existe, na história, modelo de desenvolvimento quenão se baseie em poupança interna e investimento doméstico. “Quando Lula assumiu em 2003, nosso patamar de poupança interna estavaem torno de 13% do Produto Interno Bruto. Chegamos a 17%, mas a criseeconômica mundial derrubou para 14%. A China tem 54% de poupança e aCoreia do Sul, 56% do PIB”, observou.A solução para o Brasil, de acordocom Ciro Gomes, são “arranjos políticos” sem preconceitos e caricaturasdo passado, como o antiamericanismo e o anticomunismo. “Como acontece nosEstados Unidos e na Europa, como foi feito na Coreia do Sul e na China,temos de reunir Estado, iniciativa privada e a academia para descobrire traçar novos caminhos e alternativas. É fundamental criar umaordenação estratégica entre Estado, empresariado e academia”, voltou a destacar.Ele criticou o fato da imprensa estar "nas mãos de uns cinco grupos familiares”, por não dedicar o mesmo espaço dado aos escândalos também a assuntos como a votação do fim da ContribuiçãoProvisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF) ou a extinção da cobrança deImposto sobre Produtos Industrializados para o setor de exportação.Esta, segundo ele, é mais uma consequência da falta de método na vidabrasileira.Finalmente, o deputado tratou de mais um item queconsidera essencial ao desenvolvimento verdadeiro do país: oinvestimento nas pessoas, especialmente na formação delas. “A  Argentina e o Chile têm o dobro da educaçãoque nós temos. Precisamos tratar a educação pra valer, e os senhores eas senhoras têm participação fundamental nesta tarefa”, ressaltou.Os reitores querem ouvir nas reuniões mensais do ConselhoPleno várias personalidades do mundo político. Foram convidados a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, osgovernadores José Serra e Aécio Neves (de São Paulo e de Minas Gerais), os senadores Cristóvam Buarque eMarina Silva e a presidente do P-SOL, Heloísa Helena.Segundo o diretor da Andifes, Gustavo Balduíno, a intenção é ouvir não só possíveis candidatos àpresidência da República no ano que vem, mas personalidades capazes deabordar a variada gama de temas propostos: segurança nacional, políticanuclear, a liderança brasileira na América do Sul, analfabetismo,subnutrição e outros.