Busca de corpos no Araguaia só deve terminar em abril do ano que vem

18/08/2009 - 16h09

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As buscas por corpos de cerca de 60 guerrilheiros desaparecidos na região da Guerrilha do Araguaia, iniciadas em agosto, por determinação da Justiça, só devem terminar em abril. A informação foi dada hoje (18), pelo secretário especial dos Direitos Humanos, ministro Paulo Vannuchi, durante cerimôniano Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. . “São quatro fases. A terceira fase – a de escavações – começou na semana passada e deve terminar no final de outubro, devido ao período de chuvas naquela região. Até abril, haveráa investigação em laboratório partindo-se da premissa de que ossadasserão localizadas e de que, então, poderá ser marcado um novo programa paralevantamento de informações”, disse o ministro. Passadosquase 35 anos do fim do conflito no Araguaia, várias missões de buscade ossadas foram organizadas, e esta é a maior delas, segundo Vannuchi.  “Pela primeiravez, o Estado brasileiro está investindo milhões de reais nas buscas,com a participação de peritos independentes, radar de solo de últimageração, criminalistas.”Embora nada tenhasido achado nas escavações realizadas até agora, Vannuchi acreditaque são grandes as chances de serem encontradas ossadas, já que falta escavar metade dos locais demarcados para as buscas. “Além disso, apareceramnovos elementos, como a contribuição do material divulgado por Curió[Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o Major Curió, que abriu ao Estadoum arquivo sobre a Guerrilha do Araguaia]”.A procura foideterminada por sentença da juíza federal Solange Salgado, da 1ª Varada Justiça Federal em Brasília. Em 2003, ela determinou a entrega dasossadas às famílias. Após perder todos os recursos, o Ministério daDefesa foi obrigado a montar a comissão para planejar a busca dosrestos mortais. A guerrilha do Araguaia ocorreu na regiãoamazônica, ao longo do Rio Araguaia, na década de 70. Organizado peloPCdoB, o movimento tinha como objetivo a derrubada do governo militar (1964-1985). Cerca de 70 guerrilheiros foram mortos pelo Exército. Até hoje,não se sabe o paradeiro dos corpos. Foram encontrados apenas dois.