Resultados do comércio exterior indicam tendência de superavit este ano

17/08/2009 - 19h56

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os dados mais recentes de comércio exterior mostram sinais desuperavit comercial este ano. Segundo o Ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior, o saldo das exportações menosimportações no ano, até a segunda semana de agosto (155 dias), é 20,5% maior do que o observado no primeiro semestre em 2008. Osuperavit é devido à queda das importações mais abrupta que a queda dasexportações, sustentadas especialmente pela China, mas também por outroscompradores não tradicionais como países asiáticos, do Oriente Médio e daÁfrica, geograficamente e economicamente distantes do epicentro dacrise financeira internacional.Além da redução das transaçõescomerciais brasileiras, está se assistindo a uma mudança no peso de cadatipo de produto exportado. Estudo feito por Marta Castilho, professorada Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense, mostra que,no primeiro semestre deste ano, os produtos básicos ganharam mais pesonas transações comerciais brasileiras.A quantidade de produtosbásicos cresceu 6,8% no período na comparação com o primeiro semestrede 2008, enquanto os produtos semimanufaturados diminuíram 10,6% daquantidade exportada e os produtos manufaturados perderam 28,1% daquantidade manufaturada.Com a queda dos preços de diversosprodutos no mercado internacional depois da crise, houve redução dovalor das exportações entre todos os tipos de produto. Mesmo assim, osprodutos básicos perderam menos: 8,2% contra 31% dos semimanufaturadose 27,5% dos manufaturados.Por setor, a evolução das exportações guarda relação com os mercados de destino, principalmente ochinês, que neste ano se tornou o principal comprador de produtosbrasileiros. “Não houve mudança no padrão de exportação. A criseeconômica abriu espaço para crescimento da China”, diz Marta Castilho.Segundoa economista, a China tem como estratégia comprar de países emdesenvolvimento, como o Brasil, produtos básicos (no caso brasileiro,de ferro e soja, especialmente) e fazer o beneficiamento lá. Asoja, por exemplo, que o Brasil poderia vender mais já processada emóleo (manufaturada) ou triturada (semimanufaturada) é vendida em grãos(produto básico). Os chineses preferem comprar produtos manufaturadosda Coreia do Sul e do Japão, da Europa e dos Estados Unidos.ParaMarta Castilho, o Brasil tem algum poder de negociação com os chinesespara aumentar a venda de manufaturados, podendo exigir mais vantagensna instalação de siderúrgicas chineses ou, no futuro, vender maisgasolina em vez do óleo bruto a ser retirado da camada pré-sal.