Difícil diagnóstico da esclerose múltipla impede tratamento adequado da doença

16/08/2009 - 1h32

Da Agência Brasil

Brasília - Umaforte cãibra nas pernas e formigamento nas pontas dos dedos das mãos e dos pés.Foram esses os primeiros sintomas da esclerose múltipla, que começou a se manifestar, há seteanos, a dona de casa Maria das Graças Ferreira. “Fiquei um ano tratandocom ortopedista e as cãibras sempre aumentando”, lembra. A dona de casa sótomou o conhecimento de que era portadora da doença depois que a irmã a levou aum neurologista. “A doutora mandou fazer mapeamento cerebral e foi assim que eusoube”, relata Maria das Graças.

A doença do sistema nervoso é de difícil diagnóstico e esse é o principalmotivo que leva ao baixo índice de pessoas que são tratadas adequadamente noBrasil. De acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem), dos30 mil portadores da doença no país, apenas 5 mil fazem o tratamentocorretamente. “É uma doença que não se descobre em pouco tempo. É preciso quevários exames sejam feitos. Depende de cada pessoa e dos sintomas dela. Não temum dado como que dia, que hora, que momento que a doença aparece. O sintomasurge até no escuro. A gente fala que ele pode aparecer até de noite e vocêestar dormindo”, diz a presidente da Sociedade de Esclerose Múltipla deBrasília (Semb), Elizabeth Tozetti.

A esclerose múltipla ativa o sistema imunológico da pessoa contra suaspróprias estruturas neurológicas. Dentre os sintomas da doença estão: visãoborrada ou dupla, fadiga, fraqueza, formigamento, dormência nos braços oupernas, incontinência fecal ou urinária, dificuldade para falar, relatos deapatia, desatenção, euforia e choro súbito. O mal não tem cura, masos medicamentos inibem os surtos de seus sintomas e permitem que o portador tenha uma vida praticamente normal. “A única coisa que ainda me dá é falta deequilíbrio, de coordenação motora e, às vezes, confundo a voz na hora que voufalar, ela fica enrolada”, conta Maria das Graças, que se submete três vezes porsemana à aplicação de remédios.

Ainda não se sabe muito sobre a doença. As causas que levam uma pessoa adesenvolver a esclerose múltipla são quase que desconhecidas. Fatores genéticosainda foram descartados pela medicina. “Não se fala nisso ainda. Tem muito estudo para fazer.Mas, hoje em dia, ainda não se diz que é hereditário, de jeito nenhum”, explica apresidente da Semb.A falta de avanços nos estudos sobre a esclerose é umdos fatos que motivou a Federação Internacional de Esclerose Múltipla (MSIF) ainstituir, neste ano, 27 de maio como o Dia Mundial da Esclerose Múltipla.