Processo de recuperação da economia não terá longa duração, diz Ipea

13/08/2009 - 19h50

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A economia tem dado sinais de reaçãoapós o impacto da crise mundial sobre o Brasil e, de acordocom o economista Rodrigo Pereira, técnico do Instituto dePesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), a aposta é de queo processo de recuperação demore de oito a 16 meses.Pereira participou do estudo ADifusão Inter-regional da Crise no Brasil e Perspectivas,desenvolvido pelo Ipea e divulgado hoje (13).“Onosso trabalho mostra que é um processo que vai demorar algunsmeses. Nós não temos um número exato. Nãoserá uma coisa de dois ou três meses, mas tambémnão será uma coisa de anos. A gente acredita que éum processo que demore em torno de oito a 16 meses mais ou menos”,disse o economista.Oestudo revela ainda que o Sudeste foi a primeira e a mais afetadaregião a sofrer as consequências da retraçãodo mercado internacional. No entanto, de acordo com Rodrigo Pereira,a Região Sudeste, pela sua relação intensa com omercado externo, é a que apresenta também melhorescondições de recuperação.“A crise impactoufortemente a Região Sudeste. Isso se deve, sobretudo, a ummaior grau de abertura do sudeste ao mundo em comparaçãocom outras regiões. A magnitude dos impactos sãoproporcionais ao grau de integração comercial de cadauma das regiões com o sudeste. Regiões mais integradascom o sudeste tendem a ter um impacto inicial maior da crise, mas, aomesmo tempo, tendem a se recuperar mais rapidamente”, afirmou.Deacordo com o estudo, o Nordeste foi a região que menos sentiuos efeitos da crise. “A indústria da Região Nordesteaparenta sofrer mais flutuações sazonais do que o restodo país. A crise assim não afetou esse padrão”,diz o documento.

Otrabalho também mostra que a crise internacional afetouduramente o comércio exterior brasileiro. Nos primeiros setemeses do ano, as exportações alcançaram US$ 84,1bilhões. O valor representa uma queda de 24,3% em relaçãoao mesmo período do ano passado, quando o Brasil exportou US$111,1 bilhões, de acordo com dados do Ministério doDesenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Asimportações tiveram uma queda ainda maior: 30,4%. Dejaneiro a julho de 2009, o Brasil comprou lá fora US$ 67,2bilhões. No mesmo período do ano passado, o paísimportou US$ 96.465 bilhões. A balança comercialapresentou superavit de US$ 16,9 bilhões no acumuladodo ano, contra um saldo positivo de US$ 14,6 bilhões no anopassado.

Parao economista Marcelo Piancastelli, também do Ipea, arecuperação do comércio exterior do Brasil estámuito ligado ao ritmo de recuperação da China. “Éo nosso principal parceiro comercial”, disse.

Deacordo com o Ipea, a adoção de políticasanticíclicas tiveram uma importância fundamental parareduzir o impacto da crise no Brasil, e devem continuar nas açõesdo governo. “O prazo de recuperação vai depender decomo o mundo se recupera. Vai depender também da adoçãode políticas anticíclicas, que têm sido feita deforma muito eficiente”, afirmou.

Oestudo revelou ainda que, diferentemente das crises anteriores, aeconomia brasileira está mais consistente e tem dadodemonstrações de maior resistência àsadversidades oriundas do exterior. “A presente crise nãogerou crise cambial, não gerou crise fiscal, não geroudesorganização no funcionamento das finançaspúblicas e não abalou o sistema financeiro”, disse oeconomista do Ipea.