Medo da sociedade levou à prorrogação das férias escolares, diz especialista

13/08/2009 - 7h31

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O medo dasociedade em relação à influenza A(H1N1) – gripe suína levou à prorrogação,por duas semanas, das férias escolares na rede estadual de SãoPaulo. A avaliação é do professor de saúdepública da Universidade de São Paulo (USP), GonzaloVecina.

Segundo ele, “a sociedade vem tratando com muito temor uma coisa[a gripe] que todo ano nós temos”. Esse medo teriapressionado as autoridades a adiar a volta às aulas. “Élógico que a primeira morte de um aluno em uma escola teria umcusto para o político que não tivesse suspendido asaulas”, ressaltou.

Oprofessor acredita que a medida tem eficácia “duvidosa”para impedir a disseminação da doença, uma vezque outros ambientes propícios ao contágio, comocinemas, teatros e metrôs, continuam sendo frequentados. “Nósestamos evitando que as crianças em idade escolar tenham [influenza A (H1N1) - gripe suína] na escola, porque vão continuar tendo em casa e nas outras atividades que elas vão continuar fazendo”, afirmou.

Para Vecina, é importante que a população compreenda que a doença é muito semelhante à gripesazonal e tem baixa letalidade. “Aqui na cidade de SãoPaulo, dizem as estatísticas, morre um motoqueiro por dia notrânsito. Então, da mesma maneira que eu estou proibindoos alunos de irem à escola, eu deveria proibir moto. Estámorrendo mais gente de motocicleta, como sempre, do que de gripe”,ressaltou.

Noentanto, de acordo com o professor, os governos estadual e federal estão“respondendo mais ou menos bem” ao problema da epidemia. Eledestacou a medida de evitar o contato de gestantes com pessoasgripadas como uma decisão “muito positiva”, que deveria seradotada também para a gripe comum.

Um dosmaiores desafios em relação à doença,na opinião do professor, é fazer um acompanhamentoque permita descobrir o motivo de determinadas especificidades, como amaior mortalidade entre gestantes e pessoas jovens.