Associação diz que não existem leitos suficientes para atender pacientes

13/08/2009 - 7h18

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Não há vagas suficientes nas unidades de Tratamento Intensivo (UTIs)no Brasil para atender a todos os pacientes em estado grave dainfluenza A (H1N1) – gripe suína. A afirmaçãoé do presidente da Associação Paulista deMedicina (APM), Jorge Curi.

Segundoele, cirurgias de menor importância estão sendo adiadaspara deixar parte dos leitos das UTIs disponível para asvítimas da doença. “Nos grandes hospitais públicos,hoje se deixa de fazer cirurgias eletivas para utilizar os leitos deUTI para gripe”, disse Curi em entrevista à Agência Brasil.

Para ele, essegerenciamento de recursos é necessário para garantir o atendimento àepidemia. “Infelizmente, como em qualquer epidemia que jáocorreu no mundo, isso acontece. Nós não temos leitosde UTI preparados para milhares e milhares de pessoas de uma horapara outra”, considerou.

De acordo com Jorge Curi, situações de crise como a epidemia de gripecolocam as deficiências do sistema de saúde emevidência. “Nosso sistema trabalha no limiar muitocomplicado, muito no limite. Então, quando ele é muito solicitado, obviamente as deficiências se mostram de formamais marcante”, ressaltou.

Outroproblema é que existem grande discrepâncias na qualidadeda rede de saúde pública entre diferentes cidades eestados. “Dentro do próprio estado de São Paulo é possívelencontrar situações bem diferenciadas em termos deprefeituras e sistemas de saúde”, explicou.

Naavaliação do presidente da APM, os locais onde oatendimento é pior acabam comprometendo o serviçocomo um todo. “Nós temos que ter um olhar para essas regiõesmais fragilizadas porque elas acabam, em uma situaçãode epidemia, favorecendo a fragilização de todo osistema”.

 Segundo o Ministério da Saúde, a rede pública conta com1.978 leitos de UTI em 68 hospitais dereferência e está preparada para atender apopulação.

A Secretaria de Saúde de São Paulo, consultadapela reportagem da Agência Brasil, não disponibilizou informações a respeito dos leitos disponíveispara tratamento da influenza A (H1N1) - gripe suína.

O Hospital Albert Einstein, na capital paulista, apesar de ser uma instituição privada,adotou procedimento semelhante ao da rede pública - remarcou as datas de uma série de cirurgias eletivas previstaspara a semana passada devido a “um crescimento muito grande” nonúmero de pacientes com gripe.

Segundoo superintendente da instituição, Luís Fernando Aranha, neste anohouve um aumento de cerca de 20% no número de pacientes comsintomas de gripe atendidos na unidade. Por isso, o hospital ampliou nãosó o espaço físico, mas também o númerode funcionários do pronto-socorro.

“Alargaro oferecimento de leitos intensivos” na rede pública éuma medida apontada como necessária por Jorge Curi. Eledestacou que a falta de financiamento “é um problema muitopresente na saúde pública brasileira”, comrepercussão na gestão do sistema.

Curiressaltou a necessidade de não só aumentar a capacidadede tratamento da rede pública, mas também ide nvestir emáreas como estatística, “para estudarmos pontualmenteas coisas que acontecem”.