Pesquisador diz que doença mostrou fragilidade do mundo

12/08/2009 - 6h54

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A pandemia de influenza A (H1N1) - gripe suína serviu como "liçãopara mostrar a fragilidade do mundo" no que se refere ao controle deepidemias e ao estoque de vacinas. A afirmação é do especialista em virologia Alexandre Machado, do Centro de Pesquisas René Rachou, daFundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que pesquisa o desenvolvimento devacinas contra influenza e outras doenças.Há cinco anos,Alexandre Machado e um grupo de pesquisadores do Centro René Rachou vêmestudando uma forma de produzir vacinas bivalentes para a influenza (ouseja, que imunizam contra a gripe e uma segunda doença com uma única dose), usando uma técnica conhecida como genética reversa.Segundoessa técnica, já usada por alguns laboratórios estrangeiros, ossegmentos genéticos do vírus são isolados e colocados dentro da célulade uma bactéria, que será usada para imunizar a pessoa. A nova técnica difere da tradicional, que consiste na inoculação dovírus dentro de um ovo de galinha para produzir uma dose da vacina.Coma técnica de genética reversa, explica Machado, o número de doses devacina não ficará mais restrito à disponibilidade de unidades de ovosde galinha e isso pode ampliar a capacidade de produção de doses.“Oque a gente espera é que, futuramente, quando houver outrapandemia, a gente consiga produzir uma vacina nacional e não fique tãodependente de tecnologia estrangeira. Mas também esperamos poder contribuir com qualquer instituição pública ou privada que tenhainteresse em produzir a vacina”, disse Machado.Segundo opesquisador, por enquanto a pesquisa está sendo feita comcamundongos e envolve um vírus Influenza que afeta apenas essesanimais. Dentro de dois anos, ele espera que os estudos avancem atal ponto que já seja possível trabalhar com os vírus Influenza queatingem humanos, como o Influenza H1N1, causador da gripe suína.Alexandre Machado prevê que serão necessários pelo menos três anos para que sejadesenvolvida uma vacina brasileira, a partir dessa nova técnica. Para ele, é preciso, no entanto, continuar os estudos, mesmo que sejapara uma época futura.“Para você ver, o problema [da influenza A (H1N1) - gripe suína] começou em abril. Mas, mesmo em países como os Estados Unidos ou a França, onde já se tem a técnica de genética reversa implantada, só em setembro eles terãoos primeiros lotes da vacina. E já estão anos-luz à frente. Nonosso caso, a gente está nos primeiros passos na caminhada de milmilhas, mas nós estamos caminhando”, disse.