Policiais federais anunciam paralisação de 24 horas no próximo dia 25

11/08/2009 - 16h31

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os policiais federais vão fazer paralisação nacional de 24 horasno próximo dia 25, em protesto contra a  nova LeiOrgânica da Polícia Federal, que está em estudo nos ministériosda Justiça e do Planejamento. Hoje (11) demanhã o Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal(Sindpol DF) realizou manifestação em frente à sede doDepartamento de Polícia Federal (DPF). A paralisação foiaté o meio-dia. Durante a manifestação, os policiais discutiram asituação dos agentes de terceira classe, que são 40% do efetivo eforam admitidos depois de 2004. A burocracia interna em torno daprogressão funcional é uma das críticas dos policiais – eles afirmam que, na Polícia Civil do DF,  "acontece o contrário". Em entrevista à Agência Brasil, o presidente do SindipolDF, Cláudio Avelar, disse que a categoria reivindica reposição de perdas salariais emudanças na proposta da nova lei orgânica. Avelar criticou o modelo de trabalho usado pela PF no Brasil, afirmando que apenastrês países adotam sistema semelhante:Angola, Moçambique e Timor Leste. Segundo ele, esse modelo data daépoca da Coroa portuguesa e já foi abolido até mesmo por Portugal.Em tal sistema, "privilegiam-se os amigos em detrimento datécnica e da competência", afirmou Avelar."Osdefeitos da instituição podem ficar perpetuados na nova lei",afirmou o sindicalista, informando que, por isso, a categoria estáse mobilizando nacionalmente. Ele defende que as atribuiçõesinternas na Polícia Federal façam parte de uma política derecursos humanos e que não haja mais designação para cargos "poramizade ou influência, ou seja: tudo a favor dos amigos do rei, tudofeito em baixo dos panos". "A mesma sociedade quehoje se orgulha da Polícia Federal não sabe dos prejuízos que vãoacontecer com a nova lei orgânica", que, de acordo com Avelar,estabelece o "concurso para chefe", sem levar em conta anecessidade de qualificação.Além disso, o comando dosinquéritos continuaria com os delegados, "a seu bel-prazer",o que, na opinião do sindicalista, favorece manipulações efavorecimentos, contra o trabalho do policial sério, que investiga eque deveria ter autonomia para tomar decisões, já que convive com ocerne da questão". Avelar disse que essa distorção éresponsável pelo alto índice de arquivamentos de inquéritos (emtorno de 85%), "porque a interferência do delegado acabajogando por terra uma coisa que está sendo feita seriamente"."Quemdeve chefiar uma investigação é o melhor investigador, e não umdelegado concursado, que dificilmente está preparado para isto.Nessa área é necessário trabalhar sob critérios técnicos. Se oinvestigador quisesse ser burocrata, faria concurso para delegado",afirma o presidente do Sinpol, explicando que a autonomia do delegadopara indiciar um acusado pode frustrar por completo o trabalho sériode um investigador. Avelar acrescentou que o policial precisaconviver com boas condições de trabalho, porque é um profissionalcuja decisão pode, em um segundo, significar a vida ou a morte dealguém. "A Policia Federal está muito política e motivada porinteresses, portanto, precisa se tornar uma polícia de Estado e nãode governo", concluiu o sindicalista. Conforme pesquisarealizada pelo site do Sindpol DF, entre os policiaisfederais, 67,4% são contra a nova lei orgânica e 32,6% sãofavoráveis.