Tecnologia e financiamento são principais obstáculos na negociação do clima

10/08/2009 - 6h52

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Além de desenhar o futuro regime de metas e compromissos deredução de emissões de gases de efeito estufa,durante a reunião de cúpula da Organizaçãodas Nações Unidas (ONU) sobre mudançasclimáticas, em dezembro, em Copenhague (Dinamarca), os paísesterão que definir outros pontos do regime climáticoglobal, como o financiamento e a transferência de tecnologia depaíses ricos para que os emergentes possam realizar açõesde mitigação e adaptação àsmudanças climáticas. Os dois itens são os maisatrasados até agora, a apenas quatro meses do encontro.Os países em desenvolvimento condicionam a adoçãode compromissos de redução à garantia de apoiofinanceiro-tecnológico por parte dos ricos, que, emcontrapartida, só aceitam transferir o aporte se os emergentesse mostrarem comprometidos com reduções maisambiciosas. A estimativa é de que os paísesindustrializados precisariam repassar entre US$ 100 bilhões eUS$ 160 bilhões por ano às nações emdesenvolvimento.De acordo com o coordenador da campanha de clima do GreenpeaceBrasil, João Talocchi, não é uma quantia“impossível”, desde que as mudanças climáticassejam tratadas como uma prioridade global. “São númerosviáveis, possíveis de se alcançar, basta ver ostrilhões que foram desembolsados para salvar os bancos dacrise”, compara.Um dos negociadores brasileiros, o conselheiro da Divisão deMeio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Ministériodas Relações Exteriores, André Odenbreit,acredita que a discussão prévia de acordos parafinanciamento e tecnologia é fundamental para evitar umfracasso no resultado de Copenhague. “O alcance de açõesde países em desenvolvimento depende do nível de apoiointernacional. Não é uma doação, umabondade. É uma obrigação, faz parte do regimeglobal do clima”, aponta.Segundo Odenbreit, o G-77 (bloco de países emergentes)apresentou ao grupo de 192 países da convençãoda ONU uma proposta de repasses de 0,5% a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) de paísesricos para financiar ações de mitigação eadaptação. “Ainda não recebemos respostas àaltura do desafio. Transferência de recursos e de tecnologiasão os temas com menor definição atéagora”, relata.Maisadiantada que a questão financeiro-tecnológica estáa discussão sobre a entrada de um mecanismo de conservaçãoflorestal no acordo que vai complementar o Protocolo de Quioto. A manutenção da floresta em pé para evitaremissões de gases de efeito estufa deve ser incluída noacordo, por meio do mecanismo de Redução de Emissõespor Desmatamento e Degradação, o Redd.

O que ainda não está definido é como paísescom grandes florestas tropicais, como Brasil e Indonésia,poderão ser recompensados se conseguirem evitar a devastação.Alguns negociadores defendem a criação de um fundo comcontribuições internacionais voluntárias, outrosa geração de créditos de carbono com odesmatamento evitado, e há ainda a possibilidade de umasolução híbrida entre fundos e mercado.