ONGs cobram medidas efetivas de governos para reduzir emissão de gases

10/08/2009 - 6h57

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Enquantoos países ricos e os em desenvolvimento evitam definirposturas firmes na negociação de um novo acordoclimático, organizações nãogovernamentais (ONGs) cobram ações mais efetivas ecompromissos mais claros dos negociadores para garantir um planoambicioso de redução de emissões de gases deefeito estufa a partir de 2012, quando vence o primeiro períodode compromisso do Protocolo de Quioto.Apesar deavanços, a discussão tem travado uma desconfiançamútua: os países ricos não querem ter metasmaiores se os em desenvolvimento não aceitarem compromissos eos países pobres se negam a reduzir drasticamente suasemissões se não houver transferência de recursose tecnologia. O impasse tem que ser resolvido até dezembro,quando 192 países vão se reunir em Copenhague(Dinamarca) para definir um novo regime internacional de emissões.“Omundo tem que conseguir chegar a um acordo em dezembro. Um tratado emCopenhague é vital para que a gente consiga evitar que asmudanças climáticas cheguem a níveiscatastróficos”, afirma o coordenador da campanha de clima doGreenpeace Brasil, João Talocchi.Na maisrecente reunião preparatória, em junho, em Bonn(Alemanha), um grupo de ONGs de todo o mundo entregou aosnegociadores uma proposta para o novo acordo, com objetivos bemdefinidos. O grupo sugere o corte de 80% das emissões globaisde gases de efeito estufa (em relação a níveisde 1990), o estabelecimento de metas obrigatórias de reduçãopara os chamados novos países industrializados, como Cingapurae Arábia Saudita, e a criação de um novoorganismo internacional para gerenciar os esforços de reduçãode emissões.“Atéagora, a disposição dos países desenvolvidos nãose mostra coerente com a gravidade do problema”, diz Talocchi,que defende a adoção de compromissos para curto emédio prazo e não apenas para 2050, como querem algunspaíses.Apesar dopapel fundamental dos ricos – que têm o dinheiro e atecnologia – países como Brasil, China, Índia eMéxico – que já são grandes emissores – também podem assumir compromissos mais ambiciosos, naavaliação do coordenador do programa de energia emudança climática do WWF Brasil, Carlos Rittl. “OBrasil, por exemplo, tem muitas oportunidades de liderar. Mas aindaestamos fazendo muito pouco.”ParaRittl, há incoerências na política dedesenvolvimento brasileira que poderão dificultar alegitimidade do país em cobrar posições maisfirmes dos países ricos.“OBrasil tem mostrado avanços, mas há muita incoerência,uma situação que beira a esquizofrenia. O Plano Decenalde Energia e o PAC [Programa de Aceleração doCrescimento] não condizem com as metas do Plano Nacional deMudança do Clima [que prevê metas de reduçãodo desmatamento da Amazônia, por exemplo]”.Alémde intervir com os negociadores, a estratégia das ONGsambientais mundo afora até a reunião de Copenhague vaiser a de convencer a sociedade sobre a gravidade das mudançasclimáticas para o futuro do planeta. “A populaçãoprecisa ir às ruas, exigir uma postura de liderança, umpapel proativo de seus negociadores. As mudanças climáticassão o maior desafio que a humanidade já enfrentoujunta”, argumenta Talocchi.