Ministros sul-americanos discutem dia 24 acordo militar entre Colômbia e Estados Unidos

10/08/2009 - 18h01

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ministros da Defesa e das Relações Exteriores da América do Sul sereunirão no dia 24 deste mês para discutir o acordo militar queestá sendo negociado entre a Colômbia e os Estados Unidos. Adecisão foi tomada hoje (10) durante a Cúpula de Chefes de Estadoda União Sul-Americana de Nações (Unasul), em Quito, no Equador. Opresidente colombiano, Álvaro Uribe, não participou do encontro.“Depois da reunião dos ministros, vamos decidir se hánecessidade de fazer uma reunião dos chefes de governo da Américado Sul”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacandoser fundamental a presença da Colômbia para a discussão do tema.“E que o presidente Uribe não se sente na reunião como se fosseréu, ele tem que sentar em igualdade de condições, explicar asrazões dele e ouvir os pensamentos que discordam dele para a gentepoder construir o possível”, afirmou Lula.Ele propôs queo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, seja convidado paraparticipar do encontro de chefes de Estado, caso a reunião seconfirme. “Para que ele viesse discutir conosco qual é a políticaamericana para a América do Sul e para a América Latina”,justificou, antecipando que pretende telefonar para Obama na próximasemana. Para Lula, ainda há “desconfiança” na região comrelação às “incertezas” da política norte-americana.Emconversa com a imprensa antes de retornar ao Brasil, Lula reiterouque há uma preocupação com a transferência de efetivos da Base de Manta, no Equador, paraa Colômbia, e garantiu que isso foi dito ao presidente da Colômbia,Álvaro Uribe, que esteve no Brasil na última quinta-feira (6). Lulaé contra a ajuda dos Estados Unidos no combate ao narcotráfico –justificativa apresentada pelo governo colombiano para a maiorpresença de militares americanos na região.“Nós fizemosquestão de dizer ao presidente Uribe que a nós nos preocupa, porqueacabamos de criar um conselho de combate ao narcotráfico. Portanto,esse conselho pode dar resposta a muitas coisas que os colombianospensam que os americanos podem dar. Acho que a América do Sul temque ter uma chance de cuidar de seus próprios problemas semingerência externa”, disse Lula.O presidente frisou aindaque o Brasil precisa de “segurança jurídica” quanto àlimitação da atuação militar dos Estados Unidos ao territóriocolombiano. “Que fique explicitado, em qualquer documento, nessetratado feito entre os Estados Unidos e a Colômbia, que essas basestêm como finalidade pura e simplesmente agir dentro do territórioda Colômbia”, ressaltou.Lula considera natural que opresidente da Venezuela, Hugo Chávez, esteja preocupado porque jáfoi vítima de golpe uma vez, mas não acredita na possibilidade deuma guerra na região. “Não é possível imaginar, no século 21,qualquer guerra na América do Sul ou na América Latina. O papel doBrasil é trabalhar para que a gente resolva os nossos problemas empaz, até porque somente a paz pode garantir que os países sedesenvolvam, cresçam e gerem riqueza e distribuição de renda",afirmou.