Brasil sai da crise crescendo e com margem de manobra para eventual recaída, diz Meirelles

10/08/2009 - 21h13

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A economia brasileira sai da criseinternacional, em termos relativos, mais forte do que entrou, dissehoje (10) o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, naFederação das Indústrias do Estado do Rio deJaneiro (Firjan).“E, nesse aspecto, o Brasil entra esai da crise sem deteriorar suas condições monetáriae financeira. Entra com a estrutura organizada e preparado paracrescer. E, ainda, com margem de manobra, caso haja qualquer recaídanessa trajetória. Temos ainda poder de fogo. Isso émuito importante porque dá maior consistência natrajetória de recuperação”, afirmou.

De acordo com osanalistas do próprio banco divulgado no Boletim Focus,a perspectiva é de crescimento de 3,5% do Produto InternoBruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país,em 2010, embora alguns analistas internacionais apostem em aumento doPIB de até 4% no próximo ano, “ou acima disso”,disse Meirelles.Para Meirelles, o Brasil temcondições de sair da crise crescendo e, ao contráriodo que ocorreu no passado, sem ameaças de desequilíbriosno balanço de pagamentos e de inflação. Elevoltou a dizer que “a crise é séria e grave, eatingiu fortemente o Brasil”, mas garantiu que as medidas adotadaspelo governo nas áreas fiscal e monetária forameficazes e atuaram na raiz do problema, que era a questão deliquidez nos diversos mercados. Segundo afirmou o presidente do BC,as medidas foram adotadas no momento adequado. “Portanto, ummovimento bem orquestrado. Por isso, o Brasil é consideradohoje um país modelo na sua estratégia de enfrentamentoda crise, apesar de sujeito a muitas críticas”, disse sereferindo aos que defendiam que movimentos “desesperados ouprecipitados” poderiam produzir melhor efeito. Reiterou,entretanto, que “o remédio tem que ser tomado na hora certae ser eficaz”.Meirelles reafirmou que o Brasilentrou na crise mais preparado, com US$ 205 bilhões emreservas internacionais e mostrando crescimento do PIB de 6,8% noterceiro trimestre do ano passado, em comparação aomesmo período de 2007. O país registrou ainda um fortemovimento de ascensão social e possui hoje 51% da populaçãona classe média.

O presidente do BCtambém falou de que os investimento de um modo geral começamao voltar em função da economia já apresentarsinais de estabilização. “Estabilizaçãoda economia significa investimento”, disse ao destacar que oempresário, ao contrário do que acreditam alguns, nãoé movido por entusiasmo, mas se baseia em previsões decrescimento. “A base é a previsibilidade. Quanto maisprevisível o futuro, mais haverá investimentos”,afirmou.

Meirelles lembrou aindaque uma das medidas adotadas para auxiliar o mercado de créditobrasileiro foi a redução do depósitocompulsório. No início da crise, foram liberados R$ 100bilhões, dos quais R$ 41,8 bilhões para os bancospequenos e médios. Hoje, os depósitos compulsóriosno BC se aproximam de R$ 180 bilhões. “O Banco Central estánuma posição sólida para enfrentar qualquercrise de liquidez no sistema”, disse.