PMDB deve sair do governo Yeda, mas não partirá para guerra contra a tucana, diz Simon

07/08/2009 - 17h16

Luciana lima
Enviada Especial
Porto Alegre - Adecisão tomada pelo PMDB gaúcho de assinar o pedido de criação da Comissão Parlamentar deInquérito (CPI) da Corrupção naAssembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, para apurar possíveisirregularidades do governo de Yeda Crusius (PSDB), não deverá significar saídado partido da base de apoio da administração da tucana no Legislativo. No entanto, alegenda se reunirá na próxima semana para definir a data de“desembarcar” do governo, onde mantém três secretarias e a direção doBanrisul, o banco estadual.Preocupado com o fato de ter quedefinir a data da saída do partido em meio às denúncias que atingem a governadora, o senador Pedro Simon, uma dasprincipais referências locais do PMDB, adianta:  “Não vamos partirpara uma guerra”. A intenção do PMDB é aproveitar a situação para dar o pontapé nacampanha ao governo do estado, que poderá ter como candidatos o ex-governador Germano Rigotto ou o atual prefeito de Porto Alegre, José Fogaça.“Temosque botar a campanha na rua. O PT já está fazendo isso. Todo mundo sabeque Tarso Genro [ministro da Justiça] é o candidato e nós precisamos ter onosso candidato”, disse o senador. Ele acha que o partido deva tomara decisão de deixar as três secretarias que ocupa no governo de YedaCrusius: Saúde, Habitação e Saneamento e Desenvolvimento de AssuntosInternacionais, pasta responsável por captar recursos estrangeiros parainvestimentos.  “A única ressalva que faço é em relação à Secretaria deSaúde, que está em meio a uma crise devido à gripe suína. Se agovernadora achar que o secretário Osmar Terra deve ficar, penso que opartido deve liberá-lo”, pondera o senador.Já o ex-governadorGermano Rigotto evita falar sobre o governo e lamenta que a decisão dedeixá-lo tenha que ser tomada em meio ao cenário tumultuadopelas denúncias envolvendo a geovernadora Yeda Crusius, que nãodescartou a possibilidade de se candidatar à reeleição. “Não querofalar sobre o governo porque não participei da decisão do partido departicipar dele, não indiquei nenhum cargo. Só lamento não termostomado essa decisão na reunião que ocorreu há cerca de doismeses. Naquela ocasião, já deveríamos ter marcado a data de saída”, diz Rigotto.NaAssembleia Legislativa, o PMDB tem nove deputados. Um deles é LuizFernando Záchia, citado pelo Ministério Público Federal (MPF) na açãocivil que acusa a governadora e mais oito pessoas de atos deimprobidade administrativa. Ex-chefe da Casa Civil do governo Yeda, Záchia assinou o pedido de criação da CPI. Além dele, outro acusado na ação assinou o pedido: o ex-presidente da Assembleia Legislativa e deputado estadual Frederico Antunes, do PP, partido que também compõe abase da administração da tucana.O requerimento de CPI foi feito no mês de maio peladeputada Stela Farias (PT), após a publicação pela revista Veja detranscrições de conversas que indicavam irregularidades envolvendo acompra da casa da governadora. A conversa publicada é entre Marcelo Cavalcante, ex-representantedo governo gaúcho em Brasília, e Lair Ferst, pivô das denúncias contra o governogaúcho de fraude no Detran e um dos integrantes da campanha de Yeda ao Palácio Piratini.Cavalcante morreu em fevereiro em Brasília. Seu corpo foi encontrado boiando junto a pilastras da Ponte Juscelino Kubitschek e a polícia suspeita de suicídio. Aconversa publicada indica que Yeda e seu ex-marido, Carlos Crusius, teriampago R$ 400 mil a mais, com dinheiro do caixa dois da campanha de 2006,na compra de um imóvel. O casal nega a acusação.Desde o início do governo, em 2007, Yeda Crusius manteve maioria na Assembleia Legislativa. Noentanto, para a criação da CPI, somente 15 deputados não assinaram opedido: oito de seu partido, três do PP, dois do PPS, um do PTB e um doDEM, partido de oposição ao governo, que tem como um dos líderes o vice-governador Paulo Feijó.  De acordo com nota divulgada pelogoverno, a ação do MPF  foi “circo político” montado com o objetivo deprejudicar Yeda Crusius. O Palácio Piratini classificou o anúncio como uma“perversidade",  já que os detalhes sobre as acusações não foramdivulgados pelos procuradores. “Com perversidade, não deram a conheceros elementos da ação para que os citados publicamente possam sedefender”, diz a nota.