Brasil poderá exportar energia de usinas que construirá no Peru, afirma Lobão

07/08/2009 - 17h32

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ministro de Minas eEnergia, Edison Lobão, disse hoje (7) que o Brasil deverá ficar comcerca de 80% da energia provenientes das cinco primeiras usinas queserão construídas no Peru e que poderá exportar parte da produçãopara países vizinhos da América do Sul. Lobão está participando,no Rio, de reunião com representantes do governo peruano paradiscutir a integração energética entre os dois países. Ao todo,serão construídas 15 usinas no país.Segundo o ministro, as cinco primeiras usinasterão capacidade de gerar 6 mil megawatts, a um custo inicialestimado de US$ 12 mil e US$ 15 mil e deverão entrar em operaçãoem 2015. Ele informou que o governo brasileiro será responsávelpelos estudos que viabilizarão a construção das 15 hidrelétricas,com capacidade total de geração de 20 mil megawatts. Um consórcioformado pela Eletrobrás, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e Engevixjá está investindo nesses estudos. "O Peru, a princípio, deverá ficar com 20%da energia produzida e o Brasil com os 80% restantes, que poderãoser reexportados para outros países da América do Sul”,acrescentou o ministro. Os recursos para viabilizar as obras viriamda Eletrobrás, das empresas envolvidas na construção da obra, doBanco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e “deoutras fontes interessadas no processo”.Edison Lobãodestacou que, embora o Brasil tenha, atualmente, energia sobrando,não pode ficar parado e tem planos de construir na Argentina “umaou mais usinas e também com outros países”. O contrato bilateralainda está sendo elaborado pelos dois países e terá que seraprovado pelo Congresso Nacional. A ideia é que a obra esteja prontaem um prazo de cinco anos após a conclusão dos estudos e aliberação das licenças ambientais. O ministro afirmou que não existem problemas nasrelações do Brasil com o Paraguai e disse que, em relação aItaipu, houve uma “concessão” do governo brasileiro. “Nãotemos maiores problemas com o Paraguai, que é um país amigo. O quehouve foi um entendimento entre os dois governos, e o governobrasileiro decidiu fazer algumas concessões ao Paraguai, quedependerão ainda de aprovação do Congresso Nacional. Não hácrise ou problemas com o Paraguai.”Sobre a preocupação brasileira com o aumento dacapacidade de geração de energia, apesar de não estar precisandono momento, Lobão disse que é preciso pensar mais à frente. “Nãose esqueça que a energia é utilizada no país há cerca de 150anos. O país tem estoque de energia de 105 mil megawatts, mas,dentro de dez anos, teremos que ter mais 50 mil megawatts [cercade 50% da energia hoje existente]. Em 30 anos teremos que dobrara capacidade atual, então nada custa nos valermos também daspotencialidades dos países vizinhos,com vantagens para todos."Para ele, as dificuldades ambientais nos outrospaíses são as mesmas existentes no Brasil. “Aqui mesmo, a Usinade Estreito, no Rio Tocantins, já foi paralisada quatro ou cincovezes. São questões ambientais, de relacionamento com os índios daregião.” O importante, acrescentou, é que não falte energia paragarantir o crescimento do país e o fornecimento de energia àpopulação. “Ou construímos hidrelétricas, que é a origem denossa matriz, ou construímos térmicas. O fato é que não podefaltar energia nas residências e nas indústrias, que viabilizamempregos para a população.” Lobão negou que facilidades ambientais em outrospaíses tenham determinado a decisão de construir usinas fora doBrasil. “A decisão de construir usinas no Peru é puramente poruma questão de integração entre as nações sul-americanas. Nãoestamos precisando de energia neste momento. Temos energia parasuprir todas as nossas necessidades. O que estamos é atendendo ainteresses geopolíticos que são brasileiros e peruanos, assim comosão do Uruguai, Paraguai, Argentina e assim por diante.”