Primeiro semestre foi o pior dos últimos anos, avalia CNI

06/08/2009 - 18h11

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O primeiro semestre deste oano foi o pior dos últimos anos, na avaliação da ConfederaçãoNacional da Indústria (CNI), que aponta, no entanto, umarecuperação já em curso. Para a CNI, a mudança na economia será puxada pelo mercadodoméstico. Hoje (6), a instituição divulgou indicadores que mostram crescimento do faturamento real deindústria em 1,6% em junho em comparação com o mês anterior. Em relação a junho do ano passado, porém, houve queda de 5,8%, a oitavanesse tipo de comparação desde o início da crise internacional,que começou a refletir no Brasil em outubro. É o período maislongo de piora desses indicadores, segundo a CNI, que teve sua sériehistórica inciada em 2003.. Segundo ogerente executivo da Unidade de Pesquisa, Avaliação eDesenvolvimento da CNI, Renato Fonseca, o impacto da crise só não é comparável ao dacrise de 1929 porque não se tem os dados estatísticos de então da maneiraque se tem atualmente. Mas, com certeza, não houve nadaparecido nos últimos dez ou 20 anos, afirmou.“Em termos decomparação de semestre, foi o pior. O tombo realmente dacrise aconteceu no final do ano passado e no início deste ano. Foiuma das piores crise que o Brasil e os outros países enfrentaram”, acrescentou Fonseca. Na comparação por semestres, a queda registrada neste ano no faturamento da indústria foi de 7,7% em relação ao ano passado. Os números mostram aindaque o uso da capacidade instalada passou de 79,8% para 79,3%de maio para junho. A queda foi maior em relação a junho de 2008,quando o índice foi de 83,2%.

No mês, as horas trabalhadasaumentaram 0,2% em relação a maio, mas caíram 9,5%, secomparadas a junho do ano passado. No semestre, o setor acumula quedade 8,4% no total de horas trabalhadas. O índice praticamente voltouao mesmo patamar de 2006. A queda na ocupação acaba afetando amassa salarial que registrou recuo de 2,9% em relação a junho doano passado e, no semestre, acumula baixa de 1,7%, comparando-se comigual período de 2008.

“A expectativa é queo ajuste chegue ao final na questão de redução do emprego. Sóque o empregodemora a responder. Ele demorou a cair no início da crise. Aexpectativa é que haja uma estabilidade nos próximos meses”,disse Fonseca. Uma queda na massa salarial significapara a CNI que pode haver redução no consumo e que isso se refletiriano crescimento do mercado interno. Ele acredita, porém,em uma recuperação agora no segundo semestre devido às vendas de fim deano, que tradicionalmente representam um incremento ao setor. Para oeconomista, os efeitos da crise estão acabando e deve haverrecuperação. Fonseca descarta, porém, que haja uma compensaçãodas perdas que o país sofreu do início da crise até agora e nãoquis anunciar quais setores poderiam puxar a recuperação do setorindustrial. “Acredito que issovai acabar chegando aos eletrônicos [por exemplo], um setor queainda mostra queda muito forte, e aos demais setores daindústria. É muito difícil prever qual setor seria o carro-chefedessa recuperação”, concluiu.