Governo brasileiro considera positiva visita de Uribe para explicar acordo com Estados Unidos

06/08/2009 - 21h17

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo brasileiro interpretou hoje (6) como um “gesto positivo”a visita do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, a paísessul-americanos para explicar os termos e os objetivos do acordo queprevê que os Estados Unidos passem a usar sete bases militares emterritório colombiano e aumentem seu efetivo militar neste país.Depois de rápidas visitas ao Peru, à Bolívia, ao Chile, àArgentina, ao Paraguai e ao Uruguai, Uribe chegou hoje ao Brasil.Durante encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Uribeafirmou que o propósito do acordo é fortalecer o combate aonarcotráfico em território colombiano, ao qual estariam restritasàs ações norte-americanas. Segundo o ministro das RelaçõesExteriores, Celso Amorim, que acompanhou o encontro de mais de duashoras, a conversa entre Lula e Uribe transcorreu em um clima de“diálogo e de busca de entendimento das preocupações de parte aparte”. “Nossas preocupações foram expressas e Uribe deu osesclarecimentos que achou que devia dar sobre os objetivos desteacordo com os Estados Unidos”, explicou o ministro. MesmoUribe garantindo que a maior presença de soldados norte-americanosna Colômbia não representa uma ameaça aos países vizinhos, ogoverno brasileiro sustenta a necessidade de maior transparência emrelação ao acordo. “Um acordo com os Estados Unidos, umacordo que seja específico e delimitado ao território colombiano, éuma matéria naturalmente da soberania colombiana, sempre que osdados gerais de que se disponha sejam compatíveis com a delimitaçãoao território colombiano”, afirmou Amorim. “Além disso, tambémfalamos sobre a cooperação bilateral no combate ao narcotráfico eda importância dos países da América do Sul também assumirem ocombate ao narcotráfico sem ingerência externas”, disse Aoministro. Para ele, o acordo ainda não está pronto e vaiser alvo de novas discussões, ampliadas. “Certamente, [odiálogo com os chefes de governo sul-americanos] vai tercontinuidade de alguma forma. Esse é um processo que vai exigiroutras consultas e conversas, não só com a Colômbia, mas tambémcom os Estados Unidos.” Ainda segundo Amorim, Lula defendeuo Conselho Sul-Americano de Defesa como o foro ideal para discussãode temas polêmicos como o acordo entre a Colômbia e os EstadosUnidos. “Justamente para permitir que certas questões possam serrespondidas com tranquilidade, em um clima de confiança e de maneiratécnica. Lógico que não somos ingênuos e sabemos que muitas vezesisso não é uma coisa fácil”.Sucinto, ao deixar o Centro Cultural Banco doBrasil, onde o presidente Lula está despachando durante a reforma doPalácio do Planalto, Uribe se limitou a agradecer o “diálogoamplo com o presidente Lula e integrantes do governo”.