Oposição promete ofensiva se Conselho de Ética arquivar processos contra Sarney

04/08/2009 - 14h34

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Dianteda possibilidade de arquivamento dos processos contra o presidente doSenado, José Sarney (PMDB-AP), partidos de oposição negociamestratégia de ofensiva. A ideia é recorrer ao plenário do Conselhode Ética e contar com discursos em plenário para aumentar a pressão pelacontinuidade dos processos.“Setodos os processos forem para o arquivo, o ambiente na Casa pioraainda mais. Não ficaremos acuados”, disse o senador RenatoCasagrande (PSB-ES), da base aliada, fazendo referência às ásperas discussões de ontem (3) em plenário entre Pedro Simon (PMDB-RS), Renan Calheiros(PMDB-AL) e Fernando Collor (PTB-AL). “O que tivemos ontempoderá se repetir, mas num processo de disputa ainda mais intenso”,acrescentou Casagrande.Osparlamentares alagoanos defenderam com duras palavras a permanência deSarney na presidência do Senado e ameaçaram Simon, caso ele insista empedir o afastamento de Sarney. O presidente do colegiado, Paulo Duque (PMDB-RJ), convocou para amanhã (5) reuniãopara apresentar parecer quanto ao recebimento das denúncias contraSarney. Ele não adianta o resultado do relatório, mas a oposiçãoteme que Duque, por ser do mesmo partido de Sarney, determine oarquivamento das propostas. “Osenador Duque não tem competência para arquivar só aquilo quemanifestamente for quebra de decoro. Em caso de ato secreto, como aConstituição exige publicidade, tem de se abrir investigação, nãopode arquivar. E se ele arquivar, vamos nos reunir para derrubar”,disse Demóstenes Torres (DEM-PI).PSDB,DEM, PDT, PT e PSB estudam ainda a divulgação de nota assinada por seusintegrantes e também por senadores dissidentes deoutros partidos, pedindo, mais uma vez, que Sarney se licencie do cargoaté que as investigações no Conselho de Ética sejam concluídas.“Só aí já teríamos a maioria da Casa”, explicou Demóstenes.Osenador Wellington Salgado (PMDB-MG), do grupo que defende a permanência de Sarney, é cauteloso. Para ele, é preciso esperarprimeiro o relatório do conselho antes de decidir o que será feito. De acordo com Salgado, as gestões que registraram o maior número de atossecretos foram as de Garibaldi Alves (PMDB-RN) e Tião Viana (PT-AC). "Por que denunciar só o presidente Sarney, que aparece em terceiro ouquarto lugar? Isso demonstra uma situação política. Ou vale paratodos, ou não vale”, afirmou Salgado.