Oposição já tem estratégia contra possível arquivamento de processos sobre Sarney

04/08/2009 - 1h08

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O grupo de senadores quedefende o afastamento de José Sarney (PMDB-AP) da presidência da Casa já tempronta a estratégia de reação caso o presidente do Conselho de Ética, PauloDuque (PMDB-RJ), decida na reunião de amanhã (5) arquivar os 12 pedidos de aberturade processos contra Sarney e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Eles vãoforçar uma decisão do colegiado e, em caso de derrota, tentar transferir a questão aoplenário para que cada senador torne pública o apoio ou não ao afastamento deSarney.Ontem (3), Duque disse à Agência Brasil que vai apresentar um a umseus pareceres e “quem não estiver satisfeito tem o prazoregimental de dois dias úteis para recorrer a uma decisão do plenário doConselho de Ética”. O recurso ao plenário do colegiado já está pronto, caso oarquivamento seja definido pelo presidente do conselho. O vice-líder do PSDB ÁlvaroDias (PR) considera esperado o possível arquivamento dos processos. Segundoele, esta foi “a missão” determinada a Paulo Duque pelo grupo que apoia o presidenteSarney, entre eles o líder Renan Calheiros, ao nomeá-lo para o cargo.“Há missões definidas e opresidente [Paulo Duque] vai cumprira sua sem qualquer escrúpulo. Achávamos que a pressão do recesso fossedemovê-lo da decisão mas tudo recomenda pessimismo”, afirmou o tucano. Além derecorrer para que a votação da abertura dos processos seja transferida aocolegiado, Álvaro Dias lembrou que também existe um outro recurso que encaminhaao plenário do Senado a decisão final.Já o senador Renato Casagrande(PSB-ES) disse à Agência Brasil queo arquivamento de todos os processos vai “tumultuar” ainda mais a situaçãopolítica do Senado. Para o parlamentar, existem processos que podem realmenteser arquivados por tratarem de assuntos anteriores ao mandato de Sarney ou porfatos improcedentes.Casagrande alertou,entretanto, que nem todos os requerimentos enquadram-se nessas duasprerrogativas estabelecidas pelo regimento do Senado. “O presidente Paulo Duquetem que ter muito cuidado. Um remédio não pode ter dose exagerada, no caso, oarquivamento de todas as denúncias, porque vai virar veneno.”Nesse caso, o senadorressaltou que não haverá outro caminho a não ser a apresentação de recursos, noConselho de Ética, e ao plenário do Senado para que cada parlamentar deixeclara sua posição sobre a abertura dos processos contra o presidente da Casa. RenatoCasagrande disse, ainda, que não há rito sumário neste caso e todos osprocessos eventualmente abertos terão que ser votados pelo Conselho de Ética.O senador peemedebista PedroSimon (RS), dissidente do partido, afirmou que a estratégia de arquivamento foipreviamente estabelecida pelos apoiadores de Sarney. “Isso é esperado. É atática de empurrar com a barriga.”O líder do PDT, Osmar Dias(PR), afirmou que Duque, por ser segundo suplente do ex-senador e agoragovernador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), “não tem qualquercompromisso com o eleitorado do estado”. Ele acrescentou que, apesar deregimental, o parlamentar não pode decidir sozinho o destino dos pedidos deabertura de processos contra José Sarney.