Sob críticas, governo do Rio começa a distribuir medicamento contra gripe A

01/08/2009 - 19h01

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os 45 quartéis do Corpo de Bombeiros e as 12 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) no Rio de Janeiro começarama distribuir hoje (1º) as cinco mil cartelas com o fosfato deoseltamivir, produzido pelo laboratório Farmanguinhos para substituir oTamiflu, fabricado pela Roche. O medicamento é usado no tratamento de pacientes com influenza A (H1N1) - gripe suína.A cartela só é liberada mediantepreenchimento de formulário próprio e receita médica. Até o final datarde, houve cinco retiradas no quartel dos bombeiros no bairro doHumaitá, na zona sul carioca, três no quartel no centro da cidade e umana Barra da Tijuca e outra em Vila Isabel.As cinco mil cartelasfazem parte do lote de 210 mil fabricados pelo laboratório a pedido doMinistério da Saúde, para distribuição a diversas secretarias de Saúdedo país. Podem retirar o medicamento pessoas físicas ou clínicas ehospitais, cumpridas as formalidades. A distribuição no estado do Riocomeçou ontem e se encerrou hoje.A intensificação do combate àgripe não se restringe à distribuição do remédio. O primeirocompromisso da agenda do governador Sérgio Cabral na próxima segunda-feiraserá o anúncio, às nove horas, da construção de 23 novas UPAs, emparceria com o Ministério da Saúde, em 22 cidades, até o fim do ano quevem.A Defensoria Pública da União no Rio, querecebe adesões para a ação coletiva que moverá por danos materiais emorais em outubro, anunciou para o dia seguinte, terça-feira,nova ação civil pública na Justiça, assinada pelo defensor titular deOfícios de Direitos Humanos e Tutela Coletiva, André Ordacgy.“Queremosdesmilitarizar a guarda e a distribuição dos medicamentos. Quartéis nãotêm condições de armazenamento de produtos medicinais e, além do mais,o remédio tem de estar na rede pública e em hospitais e clínicasparticulares, aonde as pessoas vão quando se sentem mal”, disse odefensor público.No mesmo tom, o médico infectologistaEdimilson Migowski, também membro da Academia Nacional de Farmácia,reclama a ausência de farmacêuticos no armazenamento e na entrega. Massua queixa maior é de outra natureza:“Se fosse facilitar a vidado cidadão, eu entenderia deixar os medicamentos nos quartéis, mas nãoé isso que vai acontecer. Ao contrário, o sujeito com febre, dores pelocorpo e tudo o mais em vez de ir ao hospital vai ao quartel”.Edimilsonfala com mais autoridade sobre a questão, porque ele próprio é major dareserva do Corpo de Bombeiros do Rio, onde serviu por 16 anos. Suaopinião é de que está havendo desvio de função e que quartel nãofunciona 24 horas como uma UPA:“Na verdade, acho tudo issoerrado. Quem tem autoridade sobre armazenamento e dispensa demedicamentos é farmacêutico, médico examina e passa a receita, ebombeiro só pode entrar na história em situações excepcionais eespecíficas”.