Relatório mostra que investir na agricultura é chave para reduzir pobreza

30/06/2009 - 6h41

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Investirna agricultura – principalmente na produção familiar– é a chave para a redução da pobreza e podeajudar a solucionar as crises de alimentos, financeira e climática.A conclusão é do relatório Investirna Pequena Agricultura é Rentável, divulgado hoje (30)pela organização não governamental (ONG) britânicaOxfam. O documento traça um histórico dos investimentosna agricultura e indica a necessidade de mais aporte financeiroe apoio tecnológico para os pequenos produtores, em especialnas áreas com maiores dificuldades de acesso e deprodutividade.

Deacordo com o texto, 75% das pessoas pobres que sobrevivem com umdólar por dia trabalham e vivem em zonas rurais e a estimativaé  de que em 2025 esse percentual ainda seja de mais de 65%. “Nãoé possível reduzir a pobreza, nem estimular globalmentea agricultura e os meios de vida rural sem renovar o compromissopúblico de investir mais e de forma mais inteligente – com pesquisa e desenvolvimento agrícola, assimcomo em setores de apoio: saúde, educação,infraestrutura e meio ambiente”, sugere o relatório.

Entreo fim da década de 80 e o início dos anos 90 aajuda internacional para o desenvolvimento da agricultura caiu 75% edesde então o montante de recursos repassados tem se mantidobaixo se comparado a períodos anteriores. Em 2007, porexemplo, a União Européia doou US$ 1,4 bilhão,mas investiu “assombrosos US$130 bilhões” em seus setoresagrícolas internos, segundo a Oxfam.

Em2008, de acordo com a ONG, apenas US$1 bilhão dos US$ 12 bilhõesprometidos pelas nações ricas chegaram de fato aospaíses pobres para lidar com a crise alimentar global. Outracrise, a financeira, pode agravar ainda mais a situação,diante da redução das reservas dos países e dosgrandes aportes realizados para salvar instituições e aoferta de crédito. “A comunidade de [países] doadoresestá esgotando seus fundos, enquanto os governos nacionaisveem seus depósitos minguarem”.

Assoluções, segundo a Oxfam, devem ser compartilhadasentre governos, empresas e o terceiro setor e além degarantias de mais investimentos, passam por medidas como odesenvolvimento de mercados locais de sementes e o fortalecimento deorganizações de pequenos produtores.

AONG defende ações prioritárias para osagricultores que vivem nas chamadas áreas marginalizadas –ambientes remotos, com terras frágeis e degradadas e semacesso a serviços básicos como água, saúdee educação.

“Osagricultores de zonas marginais são os que mais cuidam dasterras mais degradadas, conservam a biodiversidade agrícola emanejam alguns dos solos mais frágeis do mundo. Sãoaliados cruciais na luta contra as mudanças climáticas”.

Orelatório também mostra a necessidade de apoio atecnologias de baixo custo, o fortalecimento dos direitostrabalhistas, com legislações que garantam maisproteção aos trabalhadores da agricultura, alémde investimentos direcionados para as mulheres.

Odocumento da Oxfam foi apresentado um dia antes daAssembleia da União Africana, quecomeça amanhã (1º) na Líbia e terácomo tema principal o investimento em agricultura para garantirsegurança alimentar e crescimento econômico.