Imposto reduzido deve ser mantido se economia não retomar crescimento, diz professor da FGV

29/06/2009 - 18h45

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O governo não deve acabar coma redução de impostos enquanto não tiver umsinal claro de que a economia retomou a sua trajetória decrescimento, disse hoje (29) em entrevista à AgênciaBrasil o professor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) daFundação Getulio Vargas, Fernando Holanda.

Para Holanda, adecisão de prorrogar a redução do Imposto sobreProdutos Industrializados (IPI), anunciada hoje, mostra que o governocontinua tentando incentivar a recuperação da economia.

“Acho que o medo dogoverno é interromper isso com uma elevação deimpostos que volte a afetar alguns setores, principalmente oautomotivo, que foi o responsável por aquela parada naprodução, no ano passado. Então, eu acho queenquanto a crise estiver aí, o governo não vai aumentaros impostos”, disse.

O professor do Ibredisse que a redução do IPI para os automóveisfoi um sucesso e resultou em aumento das vendas pelas montadoras.“Dada à crise, o governo reduziu a oneraçãovia impostos, para conseguir aumentar as vendas e estimular aeconomia. É o que ele está tentando manter, nestemomento”, afirmou.

O retorno aos níveisanteriores de alíquota dos impostos ocorrerá quando arecuperação da economia estiver consolidada, estimou oeconomista do Ibre/FGV. Ele Analisou que a medida anunciada hoje écorreta diante da crise externa.

“É uma medidatransitória em um momento de crise. Se você estácom um produto abaixo do potencial, o governo, em geral, faz aspolíticas contracíclicas, como ampliar gastos e conterimpostos”, disse.

Para o coordenador doIndicador de Produção Industrial Mensal do Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Leonardo Carvalho, aeconomia brasileira, pelo menos no que se refere ao consumo, nãoestá tão ruim como se vê na parte de produçãoindustrial e investimento.

Carvaljo disse que boaparte do bom desempenho do nível de consumo estárelacionado à manutenção do crescimento da massasalarial, que envolve o conjunto de rendimento e emprego, e tem aver, também, com as medidas do governo na área deisenção fiscal.

O economista do Ipeaobservou que apesar de já ter acontecido muita antecipaçãode consumo, diante do desconhecimento quanto à duraçãoda redução dos impostos, a mesma incerteza em relaçãoà manutenção do emprego fez com que muitaspessoas postergassem as compras. Por isso, ele acha que “ainda temfolga para o efeito do IPI estimular o crescimento do consumo. Aredução do imposto vai continuar sendo benéfica,sim, para a manutenção do bom desempenho dos níveisde consumo”, disse.

Carvalho explicou que oaumento do consumo registrado no primeiro trimestre deste ano nãoteve a contrapartida em termos da produção, devido, emgrande parte, ao fato da economia viver atualmente um ciclo de ajustede estoques. Para ele, contudo, muitos setores já apresentamnormalização, entre os quais o automotivo. Aexpectativa agora é que, com a manutenção do bomdesempenho do consumo, haja uma contrapartida em termos de produção,a partir do mês que vem.