Com mais biodiesel misturado ao diesel, queda no preço do combustível deve ser menor

29/06/2009 - 20h27

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O aumento do percentual de biodiesel no diesel, que passa a valer a partir de quarta-feira (1º) deve reduzir a queda no preço do produto estimada pelo governo em 9,6%. O biodiesel custa cerca de 30% a mais que o diesel mineral, e o aumento do combustível renovável na mistura acaba encarecendo o produto final. “O impacto disso no preço final é impossível dizer agora, porque o repasse da queda do preço do diesel ainda está acontecendo. É provável que não haja aumento de preços, e que o repasse da queda não seja naquele patamar estimado anteriormente e que o potencial de queda seja menor”, disse o vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz. No último leilão de biodiesel, o preço médio do litro do combustível ficou em R$ 2,31, enquanto a média do diesel de petróleo para as distribuidoras estava em R$ 1,77 na semana passada, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP). O representante do Sindicom calcula que custo do aumento de 3% para 4% de biodiesel na mistura vendida nos postos é entre R$ 0,01 e R$ 0,02 por litro de diesel. Mas o impacto final para os consumidores deverá ser determinado pelo mercado.  No início do mês, o governo anunciou uma redução de 15% no preço do diesel, o que poderia corresponder a uma queda de 9,6% para o consumidor. De lá para cá, a média do litro do combustível para o consumidor passou de R$ 2,10 para R$ 2,02, uma redução de 3,8%, de acordo com o levantamento semanal da ANP. “Como o custo vai aumentar, pode ser que o repasse das distribuidoras já tenha chegado praticamente ao fim, considerando que haverá esse aumento de custos a partir de quarta-feira”, avalia Alísio Vaz. Ele garante que as distribuidoras estão começando a receber o volume de biodiesel necessário para acrescentar 4% na mistura, e, portanto, não há risco de desabastecimentoO diretor de postos de rodovias da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis Lubrificantes (Fecombustíveis), Ricardo Hashimoto, também diz que ainda não há como prever qual vai ser o impacto final do aumento do percentual de biodiesel ao diesel mineral, especialmente por causa da redução do preço anunciada anteriormente pelo governo. “As curvas se cruzaram: o projeto do biodiesel com a curva do preço do petróleo que neste momento resultou em uma diminuição do preço interno. Agora temos que deixar o mercado reagir livremente”, afirmou. Para Hashimoto, apesar de impactar nos preços do combustível, o aumento do biodiesel na mistura é uma prioridade para o governo. “Nunca é adequado falar em encarecer um produto, mas as prioridade do governo é a questão ambiental, e isso consta de um plano estratégico do governo também para diminuir a dependência do óleo diesel mineral”, disse.