Ibama fiscaliza comércio de acessórios feitos com penas de animais silvestres em Parintins

28/06/2009 - 12h40

Amanda Mota
Enviada Especial
Parintins (AM) - A utilização ilegal de peles, dentes e penas de animais silvestrestransformou-se em alvo prioritário do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente edos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) nesta última quinzena do mês de junhoem Parintins. Por causa do Festival Folclórico dos bois Garantido (vermelho) eCaprichoso (azul), que acontece há 44 anos e, desde 2005, sempre no último fimde semana desse mesmo mês, o comércio de adereços e artesanatos indígenas seintensifica na cidade. Para confeccionar esses materiais, algumas famílias daregião chegam a sacrificar a vida de animais, como tucanos e araras, para obteros itens naturais dos objetos que desejam produzir.Ementrevista à Agência Brasil, a analista ambiental do Ibama e coordenadora aOperação Não Tire as Penas da Vida, Maria Luíza Souza, lamentou a procura deartefatos feitos com partes do corpo de animais silvestres. Para ela, osribeirinhos e indígenas só fazem objetos com asas e bicos legítimos porque ainda existem turistas que ignoram os cuidados coma preservação da fauna e flora da Amazônia e desrespeitam a legislaçãoambiental.“Sacrificaranimais silvestres para fazer qualquer tipo de objeto é crime. Junto àscomunidades, promovemos campanhas e orientações para impedir esse tipo desituação. Contudo, o turista também precisa se conscientizar e não pedir maisadereços feitos com penas e asas de animais silvestres. O indígena só continuafazendo isso porque tem turista que pede”, ressaltou.Otrabalho de prevenção e repressão para impedir o comércio ilegal desse tipo de artefato é realizado pelo Ibama em Parintins há cerca desete anos com as comunidades locais. Este ano, a operação teve início no dia 2 e contou com um efetivo maior de servidores doórgão ambiental. Durante o FestivalFolclórico, os agentes do Ibama abordam passageiros de barcos e aviões eorientam turistas para que não comprem artigos feitos de subprodutos oriundosda fauna silvestre e que podem ser identificados sem dificuldades, na avaliaçãoda coordenadora.“Geralmentequem vende esse tipo de coisa já diz ao comprador. A pena de animal silvestre éfácil de ser reconhecida porque, apesar de ter um colorido mais forte, não temessas cores de forma homogênea. Além disso, ela é mais dura que a pena sintética.”Aindasegundo Maria Luíza, os moradores de Parintins estão cada vez mais conscientes dessaquestão. Ela contou que, há alguns anos, até mesmo as agremiações dos bumbásGarantido e Caprichoso chegaram a ser multadas pela utilização desse tipo dematerial. “Nãotemos mais nenhum problema com os bumbás quanto a isso porque eles usam sópenas sintéticas. A população local também entendeu o recado. Infelizmente,isso não acontece com indígenas de tribos distintas, como Wai-wai e os Saterés,que vêm principalmente do Pará. Só na campanha deste ano, o Ibama já apreendeu milharesde itens, incluindo peças prontas e penas”, lamentou.Para reforçar as ações daoperação, a Polícia Militar também participa das ações. A penalidade para quem praticaesse tipo de crime ambiental inclui o pagamento de multas – que podem chegar aR$ 5 mil por espécie - e até reclusão de seis meses a um ano.