Maioria das negociações salariais repôs perdas, diz Dieese

26/06/2009 - 17h22

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - De 100 negociações salariais ocorridas nos primeiros cinco meses do ano, 96% asseguraram a recomposição das perdas ocorridas ao longo de 2009. No ano passado, o percentual foi de 89%. As negociações que tiveram reajuste menor do que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), passaram de 11% em 2008 para 4% em 2009. O valor de referência do INPC foi de 6,18%. Já as negociações que garantiram reajuste acima do índice passaram de 77% para 78%. Os dados foram divulgados hoje (26) pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócioeconômicos (Dieese). Entre os setores, a indústria apresentou83%, ante os 86% do ano passado, dos reajustes acima da inflação,11% igual ao INPC contra os 8% do ano passado. Na indústria, os reajustesque só recompuseram as perdas da inflação subiram de 28% para 58%. No setor de serviços, ascategorias que tiveram perdas salariais passaram de 14% para 4%, asque tiveram aumento passaram de 71% para 78% e os reajustes iguais àinflação passaram de 14%, em 2008, para 18% em 2009.Segundo o coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre, a inflação mais baixa ajuda a obter os reajustes mesmo que eles sejam mais baixos do que seriam com a inflação mais alta. “O resultado das negociações está influenciado pela inflação e não pela crise econômica global, já que os ajustes nesse sentido se deram muito mais via emprego de que pelo salário. Muitas empresas demitiram antecipadamente em função da crise e quem permaneceu empregado teve o reajuste igual ou superior à inflação”, disse.A expectativa, de acordo com Silvestre, são as negociações que ainda devem ocorrer ainda no primeiro semestre e que, no segundo, elas sejam melhores, porque há sinais de que o pior momento da crise já tenha passado. “Já há expectativa de que o Produto Interno Bruto [PIB] do país cresça mesmo que não o suficiente para anular o que foi negativo no primeiro semestre. E há também expectativa de que a economia volte a crescer em 2010.”