Medidas do governo para o setor de bens de capital só repercutirão em 2010

25/06/2009 - 20h15

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os resultados dasmedidas para ajudar o setor de máquinas e equipamentos (bens de capital), quedeverão ser anunciadas pelo governo, só serãoconhecidos no próximo ano, disse hoje (25) Luiz Aubert Neto,presidente da Associação Brasileira da Indústriade Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em entrevista coletiva,em São Paulo.  “Esse ano, mesmoque tenha qualquer estímulo, já está meioperdido. O que a gente está tentando é construir umaponte para 2010. Vamos considerar que em 2009 já perdemos essejogo”, disse. A previsão de Aubert Neto é que o anúncio seja feito na próxima segunda-feira (29). O presidente da Abimaqdisse ainda que as medidas que serão anunciadas servirãopara estimular o investimento no setor apenas neste período decrise. O ideal, segundo ele, é que o governo faça areforma tributária e fiscal. “A reforma tributárianão pode sair da pauta nunca”, afirmouOs dirigentesda Abimaq estiveram reunidos ontem (24), em Brasília, com oministro do Desenvolvimento, Indústria e ComércioExterior, Miguel Jorge, e apresentaram uma série de pedidos aogoverno federal para beneficiar a indústria de bens decapital. Entre eles, a concessão de linhas de financiamentosdo Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES)com juros subsidiados e a recuperação imediata do PIS eda Cofins. No mês de maio, a queda no faturamento do setorda indústria de máquinas e equipamentos foi de 18,3%,em comparação com o desempenho obtido no mesmo períodoem 2008. Descontando-se a inflação, o recuo em maio foide 24,2%. A queda mais acentuada ocorreu no segmento de máquinase equipamentos para madeira (-65,3%). Os números foramdivulgados hoje pela Abimaq. Já em comparaçãoa abril, houve crescimento de 6,8% no faturamento do setor, mas parao presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, esse crescimento nãoserve como parâmetro, pois os dados de abril foram muitoruins.“O ano de 2009 para nós, se for comparar com2008 que foi um ano fora da curva, já está perdido. Agente acredita que, em relação a 2008, o faturamento dosetor deve cair entre 20 e 25%. Mas se essas medidas [do governo]saírem, isso pode melhorar um pouco”, disse ele, ressaltandoque, com as medidas que o governo deve anunciar na segunda-feira, a perspectiva de queda para setor fica mais otimista, em tornode 20%.Para Luiz Aubert Neto, o setor de máquinas eequipamentos também vem sofrendo com a diminuiçãonas exportações. A queda no comércio exteriorentre janeiro e maio deste ano, em comparação ao mesmoperíodo de 2008, foi de 29,6%. As importaçõestambém tiveram reduções de de 1,8%, no mesmoperíodo de comparação. Ele afirmou que estádifícil competir com o produto de outros países, porcausa das taxas de juros, da carga tributária e docâmbio.“Está acontecendo um processo dedesindustrialização do nosso setor. Hoje, as empresas[do Brasil] não estão tendo como competir com asempresas de fora, principalmente por causa daquele tripémaléfico: câmbio, taxas de juros e carga tributária”,disse. O presidente da Abimaqrevelou que para amenizar o problema as empresas nacionais estãose transformando em distribuidoras do produto chinês. “O queas empresas estão fazendo? Estão pegando máquinasda China, trazendo para o Brasil, colocando a plaqueta e virandodistribuidor dessa empresa de fora. Nós perdemoscompetitividade nas exportações, mas nossas importaçõescontinuam quase que a mesma coisa. Isso ocorre porque as empresasestão deixando de vender internamente seus produtos eimportando o produto da China”, afirmou. Os númerosde maio, da Abimaq, também demonstram a queda no nívelde emprego pelo sétimo mês consecutivo. Em relaçãoao mês anterior, a redução foi de 0,02%. Deoutubro de 2008 até maio, a diminuição do nívelde emprego no setor foi de 6,7%, representando o fechamento de cercade 17 mil postos de trabalho.