Depois de três meses, governo federal volta a registrar déficit primário em suas contas

25/06/2009 - 16h15

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Depois de três meses, as contas públicas da União voltaram a fechar no vermelho. Segundo números divulgados há pouco pelo Tesouro Nacional, o Governo Central (formado pelo Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou déficit primário do R$ 120,2 milhões em maio. O resultado é a diferença de receitas e despesas do governo, exceto os gastos com juros da dívida pública.Essa é a segunda vez no ano em que o Governo Central registra resultado negativo no resultado primário. Em fevereiro, o governo registrou déficit de R$ 1,11 bilhão. Desde o início da crise econômica, em setembro do ano passado, é a quarta vez em que as contas fecham no vermelho. Em novembro e dezembro, o governo também teve déficit.O resultado negativo registrado no mês passado foi o primeiro déficit para meses de maio desde 1999, quando chegou a R$ 650 milhões. Com o déficit no mês passado, o superávit primário no acumulado de 2009 está em R$ 19,3 bilhões, contra R$ 53,5 bilhões obtidos nos primeiros cinco meses do ano passado.O déficit em maio foi provocado pelo crescimento de 18,8% nas despesas, contra queda de 0,85% nas receitas em relação a maio do ano passado. Para estimular a economia em meio à crise, o governo reduziu a meta de superávit para o Governo Central de 2,15% do Produto Interno Bruto (PIB) para 1,4%. A mudança liberou cerca de R$ 20 bilhões em despesas.Parte da elevação nos gastos foi destinada ao aumento dos investimentos. De janeiro a maio, os investimentos efetivamente pagos somaram R$ 9,276 bilhões, 24,8% a mais que no mesmo período de 2008. Os gastos com o custeio (manutenção da máquina pública), no entanto, também subiram no mesmo ritmo e aumentaram 23%. As despesas com o funcionalismo público cresceram 22,6%.Os pagamentos com o Projeto Piloto de Investimentos (PPI) totalizaram R$ 2,977 bilhões de janeiro a maio. Isso representa alta de 30% na comparação com os cinco primeiros meses do ano passado. O PPI é um programa que permite ao governo excluir até 0,5% do PIB do cálculo do superávit primário investimentos prioritários em infra-estrutura e saneamento. Esse mecanismo, no entanto, nunca chegou a ser usado no abatimento do esforço fiscal.