Prender "peixe grande" é o foco no combate às drogas, diz diretor da PF

24/06/2009 - 14h51

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Presentena cerimônia de divulgação do RelatórioMundial sobre Drogas 2009, lançado hoje (24) pelo Escritóriodas Nações Unidas Sobre Drogas e Crime (Unodc), odiretor do departamento de Combate ao Crime Organizado da PolíciaFederal (PF), Roberto Troncon Filho, afirmou que o trabalho derepressão desenvolvido no Brasil tem como principal foco adesarticulação das grandes quadrilhas que atuam nomercado ilícito. O crescimento das apreensões, tambémverificado no país, fica em segundo plano. “Nãonos move como objetivo principal a apreensão das drogas.Estamos tentando fazer a desarticulação dasorganizações que exploram esse comércio.Importantes líderes colombianos foram recentemente detidos eprocessados criminalmente no Brasil por lavagem de dinheiro. Queremostornar o Brasil um território hostil para esses grupos”,afrimou Troncon. “O foco é aniquilar o 'peixe grande'”,acrescentou.Em 2008, aPF também desarticulou o primeiro laboratórioclandestino de ecstasy do país, no Paraná. Alémdisso, prendeu, este ano, 55 pessoas integrantes de uma quadrilhainternacional de drogas que levava cocaína da Américado Sul para a Europa e trazia ecstasy a ser vendido no Brasil.Tronconressaltou que o Brasil já firmou acordos de cooperaçãocom países vizinhos como a Bolívia e o Paraguai parauma melhor capacitação das forças repressivas eplanejamento de ações conjuntas de combate ao tráfico. Orelatório da ONU coloca a América do Sul comoresponsável por 45% do total mundial de apreensões decocaína, sendo a Venezuela e o Brasil países detrânsito importantes para o tráfico destinado àEuropa.Asapreensões de cocaína no Brasil subiram de 18,5toneladas em 2007 para 20 toneladas em 2008. Segundo a ONU, o Brasiltambém é o maior mercado de cocaína da Américado Sul em números absolutos, estimado em 890 mil pessoas ou0,7% da população entre 12 e 65 anos.O aumentodo consumo detectado pela ONU na América do Sul é maisum indicador, segundo a PF, que desaconselha uma eventual legalizaçãodas drogas.“Nossaexperiência tem demonstrado que uma eventual liberaçãoestimularia o consumo e não eliminaria a produçãoilícita e exploração por organizaçõescriminosas. Ajustes na política de repressão e deredução de demanda devem acontecer, mas as drogas devempermanecer ilícitas. Temos que conscientizar a sociedade ecombater sem trégua os grupos criminosos”, defendeu Troncon.