ONU recomenda a governos mais investimento social no combate às drogas

24/06/2009 - 11h57

Marco Antonio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - ORelatório Mundial sobre Drogas 2009, lançado hoje (24)pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas eCrime (Unodc), firma posição contrária àlegalização de drogas ilícitas e ressalta que amelhora no enfrentamento do problema exige maior atençãoà prevenção e ao tratamento de usuários, pormeio de investimentos sociais. Aconstatação é de que o cultivo ilícito ea venda de drogas se mostram mais fortes em regiões sempresença do Estado ou nas quais a ordem pública éfrágil.

“Moradia,emprego, educação, acesso aos serviços públicose ao lazer podem fazer com que as comunidades estejam menos vulneráveisàs drogas e ao crime”, disse o diretor executivo daentidade, Antonio Maria Costa.Otratamento dos dependentes é outro ponto chave para o Unodc.Trecho do relatório destaca que “o vício das drogas é uma questão de saúde: as pessoas que usamdrogas precisam de ajuda médica, e não de sançãocriminal”. Os usuários crônicos, segundo o Unodc,devem receber máxima atenção por consumirem maise, consequentemente, agravarem os danos a si mesmos e àsociedade. OUnodc define como erro a percepção dadescriminalização das drogas como forma de acabar com a violência e a corrupção inerentes aomercado ilegal.

“Asdrogas ilícitas representam um grande perigo à saúde.Por essa razão, as drogas são e devem permanecercontroladas”, defendeu o diretor do Unodc. “Um mercado liberadoacarretaria uma epidemia de drogas, enquanto a existência deum mercado controlado acarretaria a criação um mercadoparalelo criminoso. A legalização não éuma varinha mágica que acabaria tanto com o crime organizadoquanto com o abuso de drogas”, acrescentou.Emrelação à atuação policial, arecomendação do relatório é de que seja priorizado como foco das operaçõesaqueles criminosos com maior influência e volume de ação,e não um grande número de contraventores menores. Naprática, significa prender mais traficantes e menos usuários,ao contrário do que ocorre hoje em muitos países.

“Issoé um desperdício de recursos da polícia e umdesperdício de vidas jogadas nas cadeias. Devemos ir atrásdos peixes grandes, não dos pequenos”, argumentou Costa.

Umdos caminhos apontados para melhor repressão é amaior cooperação internacional entre os paísesno enfrentamento de práticas como a lavagem de dinheiro e oscrimes cibernéticos.

Adiminuição do número de apreensões decocaína - cuja comercialização movimenta US$50 bilhões – pode explicar, segundo o Unodc, o aumentonos índices de violência em países como o México.

Tambémna África Ocidental se observa violência e instabilidadepolítica associadas às drogas. “Enquanto houverdemanda por drogas, os países mais vulneráveiscontinuarão sendo alvos dos traficantes”, assinalou Costa.

Orelatório constatou declínio do consumo decocaína na América do Norte, estabilizaçãona Europa e crescimento na América do Sul.Apontou ainda um crescimento significativo nos últimos anos daprodução e do uso de de drogas sintéticas nos países emdesenvolvimento.