Senadores cobram de Sarney divulgação de atos secretos

23/06/2009 - 18h21

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Pressionados ao verem seus nomes na lista debeneficiários de atos secretos, vários senadores se eximiram daresponsabilidade e puseram a culpa nos ex-diretores Agaciel Maia(Diretoria-geral) e João Carlos Zoghbi (Recursos Humanos). Osparlamentares também decidiram cobrar do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a divulgaçãodo teor de todos os atos secretos existentes no Senado.Osenador Augusto Botelho (PT-RR), um dos citados da lista, ainda nãooficial, apresentou requerimento à Mesa Diretora propondo que todos osatos sejam divulgados imediatamente. Da tribuna, o ex-presidente doSenado Tião Viana (PT-AC) se disse responsável por todos os atos queassinou, mas descartou culpa na não publicação. “Foi assim queassinei tudo com o doutor Agaciel. Não pedi para esconderem nada. Nãofui conivente com nada. Então, sou responsável. No entanto, se algumcriminoso não levou adiante a sua responsabilidade de publicar, de darpublicidade, como manda o Artigo 37 da Constituição Federal, não éculpa minha”, argumentou Viana. “Quando olhamos aqui, é impressionantecomo as coisas têm funcionado nesta Casa. É por isso que a instituiçãoestá passando pela agonia que está passando”, defendeu-se o petista, quetambém teve o nome citado na lista.Para o senador EpitácioCafeteira (PTB-MA), acusado de usar a prática de atos secretos paranomear um neto de José Sarney, a publicação feitapelo jornal O Estado de S. Paulo não foi correta. Para ele, a listadeveria ter sidodivulgada com os respectivos atos. “A lista não diz os atos quebeneficiaram os senadores. Eu, por exemplo, não ia fiscalizar asexonerações. Fiscalizava as nomeações para dar posse”, justificou-se.“Acho que devemos ter uma reparação por parte do jornal porque até hoje não tive nenhum benefício além dos outros senadores”, completou Cafeteira.Olíder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), saiu em defesa dossenadores. Disse que a maioria dos nomes presentes na lista não oficialestá lá de “boa-fé”. “A maioria dos senadores está na lista de boa-fé.Os senadores não têm que ficar como medo. O que existiu foi uma má-fé dessa gente”, disse Virgílio, referindo-se aos ex-diretores AgacielMaia e João Carlos Zoghbi.O líder tucano afirmou ainda que hojeserá um dia decisivo para a permanência de Sarney à frente do Senado.“O presidente Sarney não tem três opções, só tem duas: ou ele mostraque não tem ligação com essa camarilha e começa a tomar todas asmedidas duras, demite funcionário de mausóleu, sem que paireabsolutamente nenhuma dúvida pesando sobre ele pessoalmente, ou estacrise vai se esticar cada vez mais e vai tornar a figura do presidenteSarney menor, menor e menor, e tornando a figura do presidente Sarneymenor, menor e menor, ele vai terminar perdendo as condições degovernar esta Casa,”, afirmou Virgílio. O líder do PT noSenado, Aloizio Mercadante (SP), também foi solidário com os senadorescitados na lista de beneficiários dos atos secretos. Para ele, a culpapelos tais atos também foi dos ex-diretores. “Os senadores não podemser responsabilizados pelo comportamento irresponsável dos ex-diretores,que não publicaram os atos administrativos desta Casa”.Mercadant também divulgou uma nota ofiical, em que a bancada do PT “hipotecairrestrita solidariedade” aos senadores petistas, que participaram daMesa Diretora ao longo dos últimos anos e teriam assinado atos que nãoforam publicados.Neste momento, os líderes partidários estãoreunidos com o presidente Sarney para tratar dos resultados da comissãocriada para investigar atos irregulares das administrações passadas doSenado. Foi essa comissão, criada a pedido do primeiro-secretário,Heráclito Fortes (DEM-PI), que descobriu a existência de atos secretosna instituição. Esses atos foram usados para, entre outrasirregularidades, nomear parentes, aumentar salários e benefícios aservidores e aos próprios senadores.