Rio Negro está apenas 2 centímetros abaixo do maior nível de sua cheia

23/06/2009 - 15h41

Amanda Mota*
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Faltamapenas 2 centímetros para que o nível do Rio Negro,em Manaus, supere a marca registrada em 1953 – ano da maior cheiaocorrida na cidade. De ontem (22) para hoje (23), o rio subiu2 centímetros, alcançando a marca dos 29,67 metros.Os dados são do Serviço Geológico do Brasil(CPRM).

Esta éa segunda maior cheia na capital amazonense, desde 1902. De acordocom os registros históricos do Serviço Geológicono Amazonas, as maiores médias no volume do Rio Negro foramregistradas nos anos de 1953 (29,69 metros); 1976 (29,61 metros); e1989 (29,42 metros). Segundo o supervisor de Hidrologia doServiço Geológico, Daniel Oliveira, uma equipe do órgãovisitará, amanhã (24), a cidade de Manacapuru – acerca de 80 quilômetros de Manaus – para fazer a mediçãodo nível do Rio Solimões. As informaçõescoletadas serão fundamentais para prever como ficará asituação da cheia em Manaus e nos municípiosvizinhos. Apesar da alta do Rio Negro, a cidade teve sol forte eregistrou altas temperaturas nos últimos três dias.

“Se onível do Solimões já estiver diminuindo, o Negroirá também reduzir nos próximos dias. Issoporque o nível alto do Rio Negro, em Manaus, não éresultado apenas das chuvas, mas também do próprioSolimões, que exerce uma função de represamentosobre o Negro, impedindo a vazante desse rio”, explicou DanielOliveira.

Asprevisões do Sistema de Proteção da Amazônia(Sipam) apontam chuvas para os próximos dias sobre a Bacia doRio Negro e também em Manaus. Na capital, será umaocorrência localizada. O chefe da Divisão deMeteorologia do Centro Regional do Sipam em Manaus,Ricardo.Dallarosa, ressaltou a importância da relaçãoentre os rios existentes no Amazonas para a compreensão daatual situação.

“Éimportante entender que, enquanto o Rio Solimões, sobretudo,não começar a diminuir, o Negro continuarámantendo um alto nível, independentemente da ausência dechuvas sobre a própria Bacia do Rio Negro”, destacouDallarosa.

EmManaus, onde mais de 16,6 mil pessoas foram atingidas pela cheia, aprefeitura e o governo estadual trabalham em conjunto na operaçãoSOS Igarapé Limpo. A ação tem como objetivo alimpeza dos igarapés que, em determinados bairros da cidade,transbordaram em decorrência das intensas chuvas e do acúmulode lixo. O trabalho é realizado pela Defesa Civil,pelo Corpo de Bombeiros, por funcionários do serviço delimpeza pública da prefeitura e por integrantes das ForçasArmadas. Asequipes tentam impedir a proliferação dedoenças e problemas decorrentes dos resíduos acumuladosdebaixo das casas. Cerca de 647 toneladas de lixo já foramretiradas das bacias do Educandos e de São Raimundo – doisdos locais mais atingidos pela cheia deste ano. A cidade tem11 bairros atingidos, incluindo o centro da capital. Entre os pontospúblicos alagados, estão a Ponta Negra, a Feira daManaus Moderna e a alfândega. Dois abrigos públicosconcentram 21 famílias desabrigadas. A maior parte das famílias não deixou suas casas já que a Defesa Civil distribuiu mais de 2 mil kits de marombas, tábuas de madeira colocadas no chão das casas onde os móveis ficam acima do nível da água.

Outra ação da Defesa Civil foi a construção de cerca de 10 mil metros de pontes  de madeira em áreas que estão alagadas. Os afetados pela cheia estão recebendo também os cartões SOS Enchente. Com o cartão, cadabeneficiado pode sacar R$ 300 para ajuda neste período. Naprimeira etapa de entregas, que começou no último dia13, 4.709 cartões foram distribuídos na capitalamazonense. No último fim de semana, a Defesa Civilrealizou novo levantamento para uma segunda etapa de entrega, queagora deve alcançar cerca de 4 mil famílias. De acordocom o secretário de governo, José Melo, em todo oestado, 63 mil famílias já foram beneficiadas com ocartão.

Segundoo governador do Amazonas, Eduardo Braga, os prejuízos causadospelas chuvas no estado devem chegar a R$ 380 milhões,incluindo problemas como perda de pastos e plantações,alagamentos e deslizamentos de terra. Ele estará emBrasília amanhã para discutir com o governo federal aoperacionalização do plano emergencial de amparo àsfamílias atingidas pela cheia.