Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Valparaíso (GO) - Os policiais civis de Goiás farão amanhã (24) uma manifestação em frente ao Fórum de Luziânia, onde o mutirão da carceragem irá examinar os processos dos réus presos no município. A mobilização marca a retomada da greve iniciada há cerca de 45 dias e decretada ilegal em julgamento inicial.

Há dois dias o Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Goiás (Sinpol/GO) conseguiu com um recurso em segunda instância o direito de retomar a greve. Os policiais reivindicam a reposição de 50% do valor do salário, equivalente à inflação dos últimos 5 anos, segundo o sindicato.

Além da remuneração, a manifestação tem o objetivo de “conscientizar o Judiciário” sobre os problemas de segurança pública, disse Gildásio Rodrigues, diretor administrativo do Sinpol/GO.

De acordo com o dirigente, o Entorno do Distrito Federal, com aproximadamente 1 milhão de habitantes, tem apenas 300 policiais e há “delegacias sem viaturas” ou com “equipamentos sucateados”. “A 1ª Delegacia Policial de Valparaíso, em Goiás, se transformou em um depósito de presos”, disse.

Segundo Gildásio Rodrigues, 40 pessoas que vivem em regime semiaberto (progressão de regime prisional) dormem na delegacia “em uma sala que não tem 40 metros quadrados”. Em nota divulgada pelo Conselho Nacional de Justiça, o juiz federal Marcelo Meireles Lobão afirmou que a situação na 1ª DP de Valparaíso é irregular. “Isso é um convite à impunidade. Os detentos acabam saindo do regime fechado diretamente para uma espécie de regime aberto, o que viola o princípio da ressocialização”.

Segundo o diretor administrativo do Sinpol/GO, os delegados de polícia também vão aderir à greve na próxima quinta-feira (25). “As delegacias vão ficar fechadas”, afirmou. Em fevereiro do ano passado, representantes da Comissão Parlamentar de Inquérito do Sistema Carcerário visitaram as cadeias no Entorno do Distrito Federal, inclusive em Valparaíso.