Liberações do BID no primeiro semestre superam desembolsos do ano passado

22/06/2009 - 19h45

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A melhoria nas condições fiscais dos estados e a necessidade de fortalecer o crédito para as micro e pequenas empresas impulsionaram os empréstimos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em 2009. Segundo os números divulgados hoje (22) pelo órgão, os desembolsos da instituição para o Brasil somaram US$ 988 milhões no primeiro semestre, superando os US$ 750 milhões desembolsados no ano passado.Em 2008, o BID aprovou US$ 3,3 bilhões em empréstimos e cooperações técnicas para o país. Para este ano, as aprovações também ficarão em torno de US$ 3 bilhões, informaram representantes da instituição.O representante do BID no Brasil, José Luis Lupo, destacou que o volume representa o dobro do que o órgão aprovou nos últimos anos. “De 2004 a 2007, a média anual das aprovações tinha sido de US$ 1,4 bilhão. Isso significa um aumento expressivo no apoio do banco ao desenvolvimento do país”, disse.Lupo afirmou que o agravamento da crise econômica internacional provocou a alta da demanda pelas linhas de crédito do BID para a América Latina. Em relação ao Brasil, no entanto, ele ressaltou que a demanda estava em alta antes da deterioração do sistema financeiro. “O país está gastando mais em projetos de infra-estrutura, até porque os estados melhoraram as condições fiscais nos últimos anos e estão se qualificando para tomar empréstimos externos”, explicou.Apesar do aumento nos investimentos públicos, a crise foi determinante para a disparada das liberações para o Brasil. Executada em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a linha de apoio às micro e pequenas empresas teve US$ 700 milhões desembolsados em dois meses de operação, de um orçamento aprovado de US$ 1 bilhão.A quantia responde por quase 70% dos US$ 988 milhões liberados pelo BID ao Brasil neste ano. “Com a crise, as prioridades mudaram. Além de financiar os investimentos em infraestrutura e a melhoria da gestão fiscal pública, o BID passou a atuar na recomposição do crédito, que secou para as micro e pequenas empresas”, disse.Lupo apresentou o balanço das operações do BID durante a assinatura de um contrato com o governo da Bahia. O financiamento prevê a aplicação de US$ 409 milhões na melhoria da gestão fiscal no estado, com apoio ao estado no planejamento e na execução de projetos e na preparação de projetos de desenvolvimento. Dessa forma, a liberação dos recursos está condicionada a metas que levam em conta o equilíbrio nas contas associado à qualidade dos investimentos.Essa foi a primeira vez que o banco fez um empréstimo ao Brasil baseado no cumprimento de metas fiscais. “Nessa modalidade, os desembolsos são mais rápidos e as obras de infraestrutura estão voltadas para uma preocupação social muito forte”, disse o secretário de Fazenda da Bahia, Carlos Santana. Segundo ele, atualmente as dívidas do estado equivalem a 65% da receita líquida corrente. Em 2007, essa relação era superior a 100%.