Jornalistas e estudantes protestam no Rio contra decisão que acabou com exigência de diploma

22/06/2009 - 19h53

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Profissionais e estudantes de jornalismo caminharam pelas ruas do centro do Rio de Janeiro namanhã de hoje (22) para protestar contra a decisão do Supremo TribunalFederal (STF) que acabou com a obrigatoriedade do diploma paraexercício da atividade. Vestidos de preto, carregando diplomas efaixas, representantes da categoria partiram da sede da AssociaçãoBrasileira de Imprensa (ABI), passaram pela Câmara dos Vereadores, naCinelândia, e encerraram o ato em frente ao Palácio Tiradentes, sede daAssembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).De acordo com o diretor do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro,Alberto Jacob Filho, a decisão do Supremo pode comprometer acredibilidade de informações divulgadas à população, principalmentenuma época em que as ferramentas de comunicação, como a internet,permitem a proliferação de emissores de notícias. “É umabsurdo, um retrocesso. Agora qualquer um pode criar um blog, um site,se dizendo jornalista, e escrever o que quiser. A qualidade dessainformação pode trazer inúmeros prejuízos para a sociedade porque elanão tem nenhuma qualificação, mas mexe com a vida de muita gente, com ofuncionamento de supermercados, com a saúde das pessoass entre outros. Énecessário haver um mínimo controle ético”, defendeu.JacobFilho disse que desde a decisão do STF, na semana passada, o número depessoas que procuram diariamente o sindicato para obter a carteira deidentificação de jornalista aumentou de dois para 30. A concessão dodocumento, no entanto, foi suspensa, segundo o diretor do sindicato,para “evitar que pessoas de má-fé se utilizem dessa brecha para sepassar por jornalistas”. Ele informou que todos os casos estão sendoencaminhados para a Federação Nacional de Jornalismo (Fenaj), emBrasília.A estudante do oitavo período de jornalismo Isabela Guedes disse estar decepcionada num momento que deveria ser de comemoração.“Termino a minha faculdade com a sensação de que joguei quatro anos no lixo. Agora meu diploma não vai ter utilidade maior do que isto”, disse ela, segurando um rolo de papel higiênico.Lívia Lamblet, também estudante de jornalismo, reclamou dadecisão do STF e disse temer pela entrada no mercado de trabalho.“Namaioria das empresas de comunicação a gente vê muita gente conseguiruma vaga porque tem quem indique, independente de sua capacidadeprofissional. Agora, então, que nem o diploma vai ser exigido, essescasos vão aumentar”, disse.