Índios ameaçam incendiar prédio da Funasa em Manaus

22/06/2009 - 18h07

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - O grupo de índiosque invadiu a sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Manaus, no último dia8, ameaça incendiar o prédio hoje (22), caso não seja abertaimediatamente uma negociação. Eles exigem a exoneração do atual chefe do Distrito Especial de Saúde Indígena , Radamésio Abreu, e agoratambém do coordenador da Funasa no Amazonas, Pedro Paulo Coutinho.A todo momento, chegammais índios para se juntar ao grupo. Segundo um dos líderes dosinvasores, Luiz Sateré, de 52 anos, o número de pessoas dentro doprédio já chega a 628, dos quais 118 são mulheres, dentre elas dezgrávidas, e 125 crianças. Há mais de 100 caciques, representandopelo menos 12 etnias de 22 municípios do Amazonas. Os índiosmais jovens estão pintados para a guerra e armados de arcos eflechas.Os manifestantespermitiram a entrada, no pátio de prédio, de 12 carros da própriainstituição que estão estacionados no portão de entrada, o queimpede a passagem de pessoas e de viaturas de polícia, por exemplo.As carrocerias das caminhonetes estão cheias com pneus e papéis. Os manisfestantes ameaçam por fogo no material caso a PolíciaFederal tente retirá-los. Do lado de fora do prédio também há pneus,papel e pedaços de madeira, que poderão ser usados para atear fogo, de acordo com os invasores.O prazo de 72 horas dado pela 1ª Vara da Justiça Federal no Amazonaspara a reintegração de posse terminou às 16h de hoje. A Polícia Federal deve chegar a qualquer momento para que se cumpra a ordem judicial,entregue aos índios na última sexta-feira.Segundo o caciqueAntonio Mota, da etnia Mura, os manifestantes não querem briga, massim a negociação. “Mas se for o caso, haverá derramamento desangue”, mostrando que eles estão prontos para um possívelconfronto e que o clima é tenso.No prédio, já faltacomida, mesmo com as doações que os ocupantes têm recebido depequenos comerciantes que apoiam o movimento. Os manifestantes têm feito apenas uma refeição por dia,servida por volta das 14h. “Só ontem [domingo,21], usamos 27 frangos para a nossa refeição”, disse o líderLuiz Sateré.Aindignação dos índios com o coordenador da Funasa decorre dofato de não ter sido cumprida a promessa de exonerar RadamésioAbreu. “No18 de maio, fizemos uma reunião com o Pedro Paulo na Coiab[Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira]. Ele se comprometeu a exonerar o Radamésio e a prova disso estána ata da Coiab assinada por ele mesmo.”Procurada pela Agência Brasil, a Funasa não quis se manifestar sobre o impasse.