Índios ocupam há dez dias sede da Funasa em Manaus

18/06/2009 - 19h13

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Umgrupo de mais de 300 índios de várias etnias permanecehá dez dias no prédio da sede da FundaçãoNacional de Saúde (Funasa), em Manaus. Hoje (18), a juízada 1ª Vara da Justiça Federal, Ana Paula Serizawa, devedecidir sobre o pedido de reintegração de posse feitopela Funasa.Ocacique da aldeia Tauari de Autazes, Antônio Mota, informou queentre os índios que ocupam o prédio estão 100mulheres e 50 crianças.Osíndios exigem a exoneração do atual diretor doDistrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) de Manaus,Radamésio Velasques de Abreu. Eles reclamam daadministração da verba destinada à saúdedos povos indígenas. “Queremosa exoneração do Radamésio e melhorias para osnossos povos. Chega de teoria, queremos a saúde indígenana prática”, disse Mota.Odiretor do Dsei Manaus, que é responsável por 19municípios do Amazonas, está na funçãodesde 7 de maio de 2009. Cada Dseigerencia as ações operacionais e administrativas dasaúde indígena nos municípios de sua jurisdição.Adireção da Funasa, em Brasília, informou queaguarda o parecer judicial para retomar as atividades funcionais doórgão, em Manaus. A expectativa era de que areintegração fosse concedida de imediato. No dia 12,contudo, a juíza Ana Paula Serizawa negou o pedido,considerando o desejo de ouvir as partes envolvidas antes deapresentar a decisão. Naúltima terça-feira (16) a juíza reuniu, duranteuma audiência de conciliação, representantes dosindígenas, da Funasa, da Fundação Nacional doÍndio (Funai) e da Coordenação das OrganizaçõesIndígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), mas nãohouve acordo.

Emnota, a Funasa informou que não negociará sob pressão.O documento informa que a invasão do prédio,paralisando as atividades do órgão, traráprejuízo no atendimento à saúde de mais de 122mil indígenas da região.

Adireção da Funasa julga improcedentes as críticasfeitas ao diretor do Dsei de Manaus, Radamésio Velasques deAbreu, bem como desaprova o nome indicado pelas liderançasindígenas para substituí-lo.

Ementrevista à Agência Brasil, o vice-coordenadordo Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas (Meiam),Adelson Gonçalves, da etnia Tariano, revelou a existênciade divergências entre os indígenas sobre a invasão,como consequência da falta de entendimento em relaçãoàs reivindicações apresentadas.

Gonçalvesdisse ainda que não conhece a pessoa indicada para substituirRadamésio (citado pelos manifestantes apenas como Zenildo).Para ele, a divisão de opiniões prejudica o movimentoindígena e os próprios povos.

“Nestecaso, somos contra a invasão porque não há umobjetivo claro e comum para os povos indígenas do Amazonas. Osinvasores querem trocar a direção do Dsei Manaus, masnão há nenhum problema com o atual chefe. Tem indígenasendo manipulado por lideranças que parecem estar interessadasnesse cargo”, disse.