Engenheiro à frente do Porto do Rio há 12 anos é só otimismo com projeto de revitalização

18/06/2009 - 9h04

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Entre todas as pessoas interessadas na revitalização do Porto doRio de Janeiro, dificilmente haverá alguém tão envolvido noprojeto quanto o engenheiro Geraldo Calazans Gayoso Neves, de 81anos, conselheiro do Clube de Engenharia e diretor do Consórcio PíerMauá, responsável pela exploração do porto.Intersul e Construtora Floriano, as duas empresas que formam oconsórcio, venceram em 1997 licitação da companhia Docas do Rio deJaneiro e obtiveram a concessão para exploração do porto por 50anos, com o compromisso da recuperação das áreasadjacentes.Nesses 12 anos, a Píer Mauá já investiu R$ 40milhões em obras no terminal de passageiros (antigo Touring Club),nos armazéns de 1 a 4 e no píer das docas, onde nos dois primeirosmeses do ano realizam-se as Noites Cariocas.Na semana passada,outro evento permanente do calendário carioca, o Rio Fashion, marcoupela primeira vez a utilização de dois armazéns e parte doterceiro como cenário da moda e assim inaugurou três dos armazénsrestaurados.Gayoso não duvida do êxito do projeto derevitalização da zona portuária, espalhada por uma área estimadaem 50 mil metros quadrados, incluindo velhos bairros residenciais,instalações industriais inativas e até o morro da Conceição e aPraça Mauá, antiga zona de meretrício nas imediações do porto.“No meu tempo de faculdade, no Largo de São Francisco, as aulas deastronomia eram no Observatório [Observatório Nacional] queficava na ladeira da Conceição, de modo que minhas ligações comesta região são do meu tempo de estudante na década de 50”,lembra, nostálgico, o engenheiro.Na realidade, seuconhecimento da região inserida no projeto oficial lhe tem rendidodeferências e tratamento diferenciado dentro do governo. Além deconhecer boa parte dos engenheiros em cargos públicos destacados, oprefeito Eduardo Paes costuma consultá-lo sobre ideias encaminhadasao seu gabinete, e o governador Sérgio Cabral o apresenta nosencontros repetindo o presidente norte-americano Barack Obama: “Esseé o cara!” “Costumam fazer o paralelo entre o Porto doRio e Puerto Madero, em Buenos Aires, mas são situações muitodiferentes”, diz ele. “Lá restaurou-se um porto desativado hámuito tempo, construíram-se prédios de 40 andares, criou-se umarealidade absolutamente nova. Aqui, temos de respeitar tombamentoshistóricos e culturais e estamos mexendo num porto ativo, cada anomais ativo”.Os números em posse do engenheiro mostramcrescimento anual do movimento no porto da ordem de 30% a 40% ao ano.A partir de outubro, quando começa a temporada turística que seestende até fins de abril, estão previstas 218 atracações,traduzidas no contingente de aproximados 600 mil passageiros etripulantes de navios – total no mesmo patamar do meio milhão deturistas anuais divulgados em estatísticas oficiais do Ministériodo Turismo.“A tendência é o crescimento permanente domovimento de navios e passageiros no porto. As obras de revitalizaçãojá feitas no terminal e nos armazéns próximos provocam comentáriospositivos”, ele acrescenta.Seu interesse é aindamaior porque sua empresa está engajada nesse processo desde 1993,quando o presidente Itamar Franco assinou o decreto sobre áreasportuárias em desuso – caso dos armazéns onde então haviaoficinas mecânicas, verdureiros, lanchonetes e ambulantes. “Pelaprimeira vez em todos esses anos, vemos o governo da cidade junto como governo do estado e o governo federal, todos no mesmo empenho. Issotem repercussão até internacional. Esteve aqui o pessoal doHabitat, programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos,propondo fazer na nossa área o encontro internacional de 2011. É ounão é um sinal da revitalização?” pergunta, sorrindo.