Meio ambiente é fator relevante em discussão sobre desenvolvimento econômico, diz professor

17/06/2009 - 18h35

Luana Lourenço*
Enviada Especial
Cidade de Goiás - O desenvolvimento econômico não pode desconsiderar os custosambientais na avaliação do professor do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás (UFG) Laerte Guimarães Ferreira. Ele defende a busca de soluçõesintegradas para as crises econômica, ambiental e social. “Nãopodemos tratar as crises de forma isolada. Não se pode discutir meioambiente sem falar de pobreza, sem discutir o modelo econômico vigente.Precisamos de novos paradigmas.”Coordenador dos cursos e das mesasde debates sobre meio ambiente programados para o 11° FestivalInternacional de Cinema Ambiental (Fica), Ferreira se define como“pragmático” em relação ao clássico conflito entre crescimentoeconômico e preservação ambiental. “O desafio de conservar não é fácil.É possível conciliar esses interesses, mas não numa visão romântica”,afirmou. O professor, especialista e defensor do Cerrado, citao exemplo do bioma para ilustrar a desconexão entre devastação e ganhode qualidade de vida. Segundo ele, mais de 47% do Cerrado foi destruídopara dar lugar a pastagens e produção agrícola. “E é muito maisgrave quando trazemos à tona o fator desenvolvimento humano: desmatamosmuito e em muito pouco tempo e o resultado do ponto de vista social nãoé visível. Continuamos tendo no Cerrado grandes bolsões de pobreza,desigualdade social. O saldo não foi revertido em desenvolvimento paraas populações da região”, pondera.  A ideia de que os recursosnaturais são infinitos e de que o homem não faz parte da natureza –apenas aproveita o que ela tem a oferecer – precisa ser reformulada,segundo Ferreira. “Quando nós entendermos que o ar puro tem um custo eque está sendo ameaçado, nós começaremos a pensar isso.”Segundoo pesquisador, a “grande revolução ambiental” deste século é aconscientização. “Mais até do que as próprias soluções. Quando nosconscientizamos, passamos a valorizar mais e buscar maneiras de mitigaros impactos ambientais”, afirmou. O processo, segundo Ferreira, incluidesde mudanças individuais, como a adoção de hábitos de consumosustentável a transformação de práticas tradicionais, como asubstituição da pecuária extensiva por modelos com maior produtividade