Bric se compromete em avançar na reforma do sistema financeiro internacional

16/06/2009 - 23h36

Monica Gugliano
Enviada especial da EBC
Ekaterimburgo (Rússia) - Oslíderes dos quatro países que integram o bloco doBric – Brasil, India, China e Russia - se reuniram hoje (16) edecidiram trabalhar pelo fortalecimento do grupo e no avanço de propostas de reforma do sistema financeiro internacional. O encontro, oprimeiro com a participação dos chefes de Estado decada uma das nações, foi realizado em Ekaterimburgo,cidade russa na região dos Montes Urais. Depois de quatro horas deconversas, ficou evidente que ainda há muitas diferenças.Mas que os pontos convergentes tem sido cada vez maiores. 

“Estamoscomprometidos em avançar nas reformas do sistema financeirointernacional para refletir as mudanças na economia mundial”,disseram os líderes num comunicado conjunto distribuídoapós o encontro. “Os países emergentes e emdesenvolvimento precisam ter voz e representaçao maior nasinstituições financeiras internacionais”, diz otexto.

Outrapreocupação dos líderes foi fortalecer o G20. Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo explicou oministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, temeque ações mais conservadoras trabalhem contra ofortalecimento do grupo. “O G20 necessita ter cada vez mais força”,disse Amorim em entrevista aos jornalistas brasileiros após oencontro.

Desdeque as quatro nações passaram a ser identificadas comoum grupo com características semelhantes e passaram a usar asigla Bric, criada em 2001 pelo economista britânico JimO'Neill, esta foi a primeira vez que os presidentes se reuniram.Agora, a ideia é fortalecer o grupo, conquistando umaidentidade própria. “É imprescindível que asações sejam sistematizadas”, explicou Amorim. Paraque isso aconteça, os encontros deverão ser periódicos.E, o próximo, já tem data e local marcado: seráno Brasil em 2010.

Oschefes de Estado também concordaram com a necessidade urgentede que sejam encontrados novos caminhos que permitam a retomada docrescimento da economia mundial. Enquanto o mundo desenvolvido sofreos duros efeitos da crise, os quatro emergentes tem despontado comouma alternativa. Algumas projeções, inclusive, apontampara a possibilidade de que eles sejam os gigantes de um novo ciclode prosperidade no mundo.

Apesarde tantas posições semelhantes, alguns pontos ainda sãobastante polêmicos. Entre eles está a discussãopara encontrar uma alternativa ao dolar como moeda de reserva e trocanas transações comerciais. Além da dificuldadeem concretizar a proposta, os líderes, segundo explicou CelsoAmorim, temem que isso acabe sendo um fator de desestabilizaçãoeconômica.

Nasquestões políticas também há assuntosdelicados. O principal deles é a proposta de reforma doConselho de Segurança da ONU. Brasil e Índia, junto comAlemanha e Japão, reivindicam uma vaga permanente. Já aChina não vê com bons olhos o ingresso do Japãono conselho.

Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva, após o encontro,viajou para o Cazaquistão. Lula será o primeiropresidente brasileiro a visitar o país.