Professores, funcionários e alunos da USP realizam debate e ato de repúdio à repressão

16/06/2009 - 17h52

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Professores e alunos da Universidade de São Paulo (USP) estiveram reunidos hoje (16) no anfiteatro das Faculdades de Geografia e História para realizar o que chamaram de Ato de Repúdio à Repressão na Universidade. Durante a manifestação, professores e alunos fizeram um debate sobre a continuidade da campanha que pede a saída imediata da Polícia Militar do campus, a renúncia da reitora Suely Vilela, a retomada das negociações salariais e a realização de eleições diretas para reitor. Os manifestantes também criticaram a possível instalação de cursos a distância na USP. Em seguida, alunos realizaram um protesto que teve início em frente à reitoria e terminou no restaurante do prédio do curso de Química.O debate foi realizado ao mesmo tempo em que ocorria uma reunião entre o Conselho de Reitores das Universidades do Estado de São Paulo (Cruesp) e o Fórum das Seis - entidade que reúne funcionários, docentes e alunos das três universidades públicas estaduais: USP, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp).O debate contou com a presença de intelectuais como os professores da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH) Marilena Chauí e Antonio Cândido.“Este protesto é contra a intervenção da polícia no campus da USP, que é um atentado aos direitos de discutir e agir. O que me preocupa é o significado histórico e o valor simbólico de atitudes tomadas pelo coletivo universitário”, disse Antonio Candido durante o debate.Marilena Chauí reforçou o direito à greve e fez críticas à administração da universidade, à estrutura de poder vigente, e à presença da polícia no campus, além de dizer que a administração estadual está destruindo a universidade. Ela criticou também a proposta de se instituir cursos a distância por acreditar que isso seja prejudicial à formação universitária.O diretor da Associação dos Docentes da USP (Adusp), Marcos Brinati, afirmou que apesar de exigirem a retomada das negociações, os professores só aceitarão conversar quando a Polícia Militar deixar o campus. “A presença da polícia nos remete à época da ditadura militar e não queremos a polícia aqui fortemente armada atemorizando os movimentos organizados. Não é dessa forma que se resolve os conflitos e a negociação com funcionários, professores e alunos.”A reunião entre o Cruesp e o Fórum das Seis foi marcada para que fossem tratados os termos considerados essenciais para que a retomada das negociações possa ocorrer. “A reunião já é um avanço e espero que os próximos passos sejam dados de maneira rápida para que as universidades possam voltar às atividades normais”, disse Brinati. A Unicamp e a Unesp também aderiram à greve.Um dos diretores do Diretório Central dos Estudantes da USP (DCE), Vinícius Zaparoli, que participou do ato em frente à reitoria, explicou que os alunos são contra a Universidade Virtual de São Paulo (Univesp), projeto de ensino à distância da instituição, porque esse sistema precariza o ensino. “Há uma demanda muito grande de formação para o ensino superior para os professores do ensino médio e fundamental e o governo com esse projeto quer formar milhares de professores a curto prazo precarizando essa graduação.”Os estudantes defendem aulas presenciais, com o relacionamento entre o professor e o aluno dentro da sala de aula.Ao final da reunião entre o Cruesp e o Fórum das Seis, o diretor de base do Sindicato dos Funcionários da USP (Sintusp), Magno de Carvalho, disse que o Cruesp defendeu o fim dos piquetes por parte dos grevistas, enquanto os representantes do Fórum das Seis pediram a saída imediata da Polícia Militar como condição para encerrar as manifestações. “Para nós, a negociação tem que ser após a retirada da polícia. Isso nós deixamos muito claro.” O Sintusp realiza amanhã (17) pela manhã uma nova assembléia para decidir se as manifestações continuam ou não.Por meio de nota enviada à imprensa, o Cruesp informou que marcou uma reunião entre as equipes técnicas do Cruesp e do Fórum das Seis para o dia 19 de junho e outra no dia 22 de junho para dar continuidade às negociações. “Com essa decisão, o Cruesp reafirma sua convicção de que as negociações, conduzidas em clima de tranquilidade, levarão à superação das divergências e devolverão a normalidade às instituições universitárias”, diz a nota.Na quinta-feira (18), os manifestantes realizam um ato público que começa ao meio-dia no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, e sai em passeata até o Largo São Francisco onde está localizada a Faculdade de Direito da USP e onde está prevista uma manifestação às 14h.