Investimentos na indústria devem continuar em alta, diz pesquisa

16/06/2009 - 16h09

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O ambiente recessivoda economia mundial gerou dúvidas entre as indústrias brasileirasnas decisões sobre aumento de investimentos. No entanto, osinvestimentos continuarão em alta, só que em ritmo menor, conformemostra a pesquisa Sondagem de Investimentos da Indústria, publicadahoje (16) pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FundaçãoGetulio Vargas (FGV). O levantamento foi feito entre os dias 15 de abrile 29 de maio deste ano. Foram consultadas 820 empresas de 24 estados,com faturamento conjunto de R$ 451 bilhões e participação de 23,6%nas exportações brasileiras. Metade delas apontou incertezas sobrea demanda como principal entrave ao aumento de seus investimentos.Esse universo é o maior da série histórica desde 2004, segundodestaca nota da FGV. Quando perguntadas se enfrentavam dificuldadespara investir, 87% das empresas responderam que sim, o dobro das queestavam nessa situação em igual período do ano passado (43%). Naenquete sobre o principal objetivo para realização dosinvestimentos, a maioria (36%) manifestou intenção de aumentar aeficiência produtiva. Essa foi a maior proporção desde 2002 (43%).Quanto a programas de investimento, 26% dasindústrias consultadas disseram que não tinham esse tipo de plano –maior índice registrado na pesquisa desde 2003 (28%). Já 24%manifestaram intenção de aumentar a capacidade de produção,apesar de apenas 14% terem anunciado metas de modernização doparque fabril por meio da troca de máquinas. Além do temor com a possibilidade de reduçãodas encomendas, os empresários apontaram a falta de recursos comofator de limitação dos investimentos, citada por 35% dosconsultados. Em seguida, aparecem as empresas que se queixam do pesoda carga tributária (29%). Mas essa frequência mostra que essecusto já não é tão revelante assim nas decisões deinvestimentos, porque esse percentual é o menor da série histórica.A explicação é o estímulo fiscal dado a algunssegmentos, como a indústria automobilística, com a redução doImposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), conforme apontou ocoordenador da pesquisa, Aloiso Campelo. O economista informou que,pela primeira vez, a pesquisa mostra a evolução dos investimentos,seguindo o mesmo modelo adotado pela Comunidade Europeia. “As previsões são otimistas”, disse Campelo.Isso porque, mesmo diante das incertezas, as indústrias pretendemcontinuar aumentando os investimentos em 7,8%, na média dasconsultadas. O crescimento será, entretanto, mais modesto que o de2008, quando foi registrada expansão de 16% sobre 2007. Mas houveredução no ritmo de forma generalizada: a construção civil deveinvestir 9,7% ante 13,5%; o setor de bens de consumo, 9,1% ante16,4%; o de bens de capital, 8,1% ante 21,4%; e o de bensintermediários (que servem para produzir bens de consumo), 5,7% ante16,1%.Segundo o economista, em ciclos anteriores decrise, a economia doméstica era mais afetada e, agora, os efeitosestão mais concentrados em outros países. A questão é que aindústria brasileira exporta para mercados em baixa. Num total deseis fatores apresentados como inibidores de investimentos, asdificuldades de acesso ao crédito aparecem em quarto lugar,apontadas por 28% dos entrevistados, o mesmo percentual de empresasque consideraram também como causa o custo de financiamento.