Queda no PIB mostra que governo precisa baratear investimentos, diz economista

13/06/2009 - 15h52

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A redução do crescimento da economia brasileira no primeiro trimestre do ano,na comparação com o quarto trimestre de 2008, e aqueda dos investimentos em 12,6%, a maior desde oinício da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1996,mostram que o governo deve intensificar ações queincentivem o investimento. A avaliação é doeconomista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, do Institutode Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que reúne 45 empresários de grandes empresas brasileiras. A entidade defende acriação, pelo governo, de instrumentos de incentivofiscal e/ou financeiro para investidores. De janeiro a março deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB, soma dosbens e serviços produzidos no país) caiu 0,8% em comparação com otrimestre anterior.“Nãoentendo por que o governo se limitou a aumentar recursos do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] eminvestimentos. O empresário, mesmo tendo financiamento, podenão investir. O governo deveria construir um instrumento deincentivo fiscal e/ou financeiro que barateasse o investimento”,afirmou Almeida, em entrevista à Agência Brasil. Segundoo economista, a redução do Imposto sobre ProdutosIndustrializados (IPI) para o setor automobilístico éum exemplo de como essas ações têm efeitoimediato e devem ser expandidas para outros segmentos. “A reduçãodo IPI não impediu que houvesse demissões no setor, masamenizou o problema. É importante que o governo atue nessadireção e faça um mix de reduçãode impostos”.Nocenário atual e com os instrumentos adotados, Almeida disseque não há perspectivas de melhora tão cedo.Para ele, o crescimento da economia projetado pelo ministro daFazenda, Guido Mantega, de 1% neste ano, é pouco provável.“Achomuito difícil porque o tombo do último trimestre do ano passado e do primeiro deste ano são difíceis decompensar imediatamente. Acredito mais numa posição de0 X 0. Se ficarmos em zero de crescimento, não seráum mau resultado, considerando os efeitos da crise”, afirmou. Naavaliação do economista, mesmo sem crescer, o paísainda estará bem posicionado no cenário mundial. “Vaiser um ano perdido, mas que para outros países foi maisperdido ainda. Então, o Brasil ainda estará bemcolocado.” Coma diminuição drástica do comércio mundialdepois da crise, o mercado internacional, segundo Almeida, se tornouuma “ferida”, sobretudo para a indústria. Alguns segmentosem que o país se destacava, como o de automóveis, açoe motores elétricos, tiveram redução nas vendasexternas de 47%, 50% e 60%, respectivamente.Dessaforma, apesar de reconhecer que esperar que os empresáriosinvistam nesse momento, com as condições dadas, épedir demais, Almeida diz que, com a atual capacidade ociosa,levarão vantagem no pós-crise aqueles que investirem emqualidade e inovação. “A crise é sempre ummomento doloroso, mas também de oportunidade. Economia é,num momento de crise, apostar.”Segundoo economista, o governo poderia contribuir para essa preparaçãodos empresários para o fim da crise. “Seria muitointeressante o governo lançar um programa relevante paraincentivar investimentos em qualidade, o que aumentaria acompetitividade, e inovação", concluiu.