Empresários encerram visita de prospecção à África Subsaariana

12/06/2009 - 17h51

Gilberto Costa
Enviado especial*
Malabo (Guiné Equatorial) - A visita de 80empresários brasileiros à África Subsaariana(Gana, Senegal, Nigéria e Guiné Equatorial) terminahoje (12). O balanço dosparticipantes da viagem, iniciada no domingo (7), pelo Ministériodo Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC) éde que foi uma “missão prospectiva”, apenas de contatospara projetos futuros de aumento do comércio,investimentos e contratação de serviços.

Os executivos de empresas como agaúcha Marcopolo, fabricante de carrocerias de ônibus,ficaram entusiasmados com a viagem e os contatos feitos. “Eu vi queGana tem um potencial interessante a ser explorado”, disse AmarildoPrusch, gerente comercial da empresa para a África Oeste, apóscontato com o governo ganense.

“As vantagens daqui é que éum continente novo e em plena expansão”, afirmou Prusch, masassinalando que a concorrência chinesa e coreana, na região,leva vantagem porque pode oferecer financiamento com menos exigênciasde garantia do que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES) que financia compra de produtos brasileiros.

A Marcopolo atua no ContinenteAfricano há mais de 20 anos e mantém fábrica noEgito e na África do Sul. Só para a Nigéria,principal mercado africano (com mais de 140 milhões dehabitantes), já exportou mais de dois mil ônibusdesmontados e prevê a venda de mais seis mil. O país temuma grande demanda de renovação de frota.

No ano passado, o Brasil e a Nigériamantiveram um comércio centrado no petróleo de mais deUS$ 123 bilhões, com saldo superavitário de US$ 40bilhões em favor da economia brasileira. O Brasil é osétimo maior fornecedor de produtos para Nigéria(inclusive gasolina) e o segundo maior comprador (óleo bruto),conforme dados do MDIC (2007).

Além de ônibus e dagasolina brasileira, a Nigéria tem grandes carências deinfraestrutura e de energia, setores em que as grandes construtorasbrasileiras, presentes na missão, Odebrecht, Queiroz Galvão,Andrade Gutierrez, ARG e Constran dominam.

As construtoras, algumas com obrashá mais de duas décadas em países africanos,fizeram contatos com os governos locais acompanhados do ministro doDesenvolvimento, Miguel Jorge. “A missão foi muitointeressante. Ajuda a conhecer a realidade”, disse RúbioSouza, diretor da Odebrecht.

Ele informou que durante a missãoforam feitos novos contatos, mas nenhum negócio foi fechado. Odiretor explicou que a contratação de uma grande obranecessita de preparação (elaboração deprojeto, definição de financiamento). “Entre omomento que definem o foco e fazem o contrato leva anos”, afirmouRúbio Souza.

“Essa missão éprospectiva em sua grande maioria”, confirma Mauro Couto, chefe daassessoria internacional do MDIC. “O guarda-chuva governamentalemprestado às empresas nos países visitados serve deapoio e garantia às atividades que possam empreender”,disse.

Para Mauro Couto, as missõesservem para os empresários conhecerem de perto como é oconsumo no país, o ambiente financeiro e até asparticularidades políticas. Na Nigéria e no Senegal,por exemplo, alguns executivos encontram dificuldades para exportarmercadorias.

“Se o frango brasileiro pudesseser importado pelos nigerianos e senegalenses é possívelque uma parte considerável dessas populaçõespudessem ter acesso a essa proteína animal, em um produto dealta qualidade”, afirmou Adriano Zerbini, gerente das Relaçõescom o Mercado da Associação Brasileira dos Produtores eExportadores de Frango.

Além dos produtos brasileirose de obras de infraestrutura, os africanos esperam que o Brasil possaajudar no desenvolvimento da região. Basilio Tomas Efa Mangue,consultor de energia na Guiné Equatorial, avalia que os paísesemergentes “podem ter um pouco mais de compaixão”. Naopinião do consultor, as nações mercantes nãohegemônicas apoiariam a África “na sua faseembrionária [de desenvolvimento]”.