Amorim diz que G8 perdeu representatividade para países emergentes

12/06/2009 - 12h45

Carolina Nogueira
Especial para a EBC
Paris - O ministro das RelaçõesExteriores, Celso Amorim, disse hoje (12), em Paris, que o G8 – grupoque reúne os sete países desenvolvidos mais a Rússia– está morto. “Não sei como ele vai serenterrado, mas o G8 morreu”. “No mundo de hoje, o grupo dos oitopaíses mais ricos do mundo não representa mais nada”,completou, na saída de uma palestra comemorativa aos dez anosdo departamento de Mercosul na universidade francesa Science Po, para uma platéiade estudantes.Amorim debateu com odiretor-geral da Organização Mundial do Comércio(OMC), Pascal Lamy, as perspectivas para o mundo pós-crise. Ochanceler brasileiro analisou que países como o Brasil, quediversificaram as exportações, sofreram menos o impactoda crise, e reafirmou a crença brasileira de que a soluçãopara o comércio mundial passa por negociaçõesmultilaterais, notadamente as rodadas de negociação daOMC.Lamy, que ressaltou aimportância dos países em desenvolvimento, fez umaprevisão otimista de arrefecimento para a crise financeiramundial, a partir de 2010. Ele lembrou que momentos críticoscomo o atual tendem a reforçar o protecionismo, mas avaliouque, de maneira geral, o mundo tem agido com bom-senso e evitado estapressão pela fechada dos mercados. Ele também insistiuna necessidade de se concluir a chamada Rodada Doha, que debate aredução das barreiras comerciais e o estímulo àcriação de zonas de livre comércio. “Oitenta por cento jáforam feitos”, disse ele. “Faltam os 20% mais difíceis”.Celso Amorim avaliouque as decisões tomadas hoje pelo grupo dos oito paísesmais poderosos do mundo não podem mais prescindir da opiniãodos países em desenvolvimento. Ele afirmou que, para muitostemas, o G20 (grupo de 20 países emergentes criado nasdiscussões da OMC) tem hoje uma representatividade maisefetiva do que o G8. “Estamos entrando num tempo de governançavariável, em que vários grupos diferentes vão seformar de acordo com áreas de interesse.”Amorim elogiou aposição do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama,de propor um desarmamento nuclear mundial. “Pode soar poético,mas é factível a longo prazo. Antes se falava em nãoproliferação e controle das armas nucleares, mas aproposta de eliminação total das armas nucleares étotalmente inédito”, afirmou.