Missa por dom Pedro Luiz reafirma valores da monarquia brasileira

10/06/2009 - 18h01

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Tanto quanto homenagem a dom Pedro Luiz de Orleans e Bragança, a missa celebrada nesta tarde, na Igreja do Carmo, pelo cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, dom OraniTempesta, foi uma oportunidade para que nobres e monarquistasbrasileiros lamentassem a perda de uma liderança jovem, que consideravam capaz de conduzir a luta pela restauração damonarquia no Brasil. Na igreja, lotada por cerca de 600 pessoas,estavam o chefe da Casa Imperial de Orleans e Bragança, dom Luiz, opríncipe imperial, dom Bertrand, os pais do jovem, dom Antônio e donaChristine, e seus irmãos dom Rafael, dona Amélia e dona Maria Gabriela. O príncipe Pedro Luiz, de 26 anos, foi uma das vítimas do voo 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico quando fazia a rota Rio-Paris. A missa de sétimo dia foi encomendada pela avó paterna, dona MariaElizabeth, de 95 anos, conhecida como Maria da Baviera, por sua origemalemã. Era em sua casa, no bairro da Lagoa, que o príncipe costumavase hospedar no Rio de Janeiro."A perda de dom Pedro Luiz é enorme,proporcional à expectativa depositada nele. Tinha perfeita noção da suaresponsabilidade, no caso da restauração da monarquia no Brasil. Eramuito bem preparado. Formou-se com louvor, fezpós-graduação e estava trabalhando e estudando em Luxemburgo, graças aotio dom Henrique, irmão de dona Christine, grão-duque da casa reinantenaquele pequeno país”, disse a vice-chanceler doDiretório Monárquico do Brasil, Maria da Glória do Nascimento Souza. A maioria dos monarquistas presentes à missa está no Rio para o encontro anual de junho,em que se comemora o aniversário do chefe da Casa Imperial. Embora dom Luiz more em São Paulo, é na antiga capitaldo império que os monarquistas se reúnem para analisar a situação política, econômica e social do Brasil. Da mesmaforma, fiel à tradição, a missa foi celebrada na recém-restauradaIgreja do Carmo porque lá dom João VI foi aclamado rei do Reino Unido,em 1818, depois da morte da mãe, a rainha Maria I, a Louca. NoCarmo, também, foram coroados os imperadores Pedro I e seu filho Pedro II.“Os monarquistas em todo o país estão mobilizados paraa coleta das 100 mil assinaturas exigidas pela legislação eleitoralpara a criação de um partido político que os represente”, disse Maria daGlória, ao lembrar que, no plebiscito de 1993, para escolhada forma de governo, a república recebeu 44,5 milhões de votos ea monarquia, 6,8 milhões. “Maisdo que o suficiente para fundarmos nosso partido. As pessoas em geralpensam que os monarquistas não vivem na realidade, mas isso nãocorresponde à verdade. Nós trabalhamos e cumprimos nossas obrigações,como todo mundo na sociedade”.A curta vida dePedro Luiz de Orleans e Bragança parece confirmar as palavras de Maria da Glória. Filho e neto denobres que sempre tiveram de trabalhar, também ele estudava e eraempregado num banco luxemburguês, até morrer em um acidente aéreo, quandovoltava para a Europa depois de passar uns dias com a família emPetrópolis. Seu pai, dom Antônio, é filho de dom Pedro Henrique(falecido), que veio da Europa com a esposa, Maria da Baviera,fugindo do nazismo. Com a ascensão do nacional-socialismo naAlemanha, primeiro eles foram para a França, mas, com a guerra e a ocupação alemã, vieram para o Brasil. Com as economias de que dispunham,estabeleceram-se em Vassouras, no interior fluminense, e mais tardetambém no Paraná. Dom Pedro Luiz foi substituído na linhasucessória pelo irmão mais novo, Rafael, de 23 anos, que, a exemplodos nobres europeus, também tem estudo e preparo para enfrentar asobrigações nobiliárquicas. No encontro anual monárquico, é ele quemdeve fazer o discurso em nome da família. Na missa, recebeu com toda asolenidade, ao lado dos pais, as condolências do embaixador e do cônsulbelgas, dos parentes da mãe, os Ligne, dos monarquistas e de amigos,como Lily Carvalho, viúva do jornalista Roberto Marinho, que fizeram questão de comparecer à Igreja do Carmo.